Carta ao Manuel Maria de REMOL - 34 - "Falan uns campesiños aos que lles expropriaron as terras"
"Para Fernando Pereira, en Montevideo", dedicas:
será um dos expropiados ou simplesmente
tentas continuar uma amizade que vem de longe?
Após confessares que tudo é terra num "nós"
intenso, doente, lacrimoso, ...
baguante e sanguinhento,
acabas o poema: "Temos senhardade
da terra, dos eidos que eram nossos.
Os nossos olhos de terra
espreitam no sol-pôr.
E temos medo" (pp. 78-79)
A terra toda da Galiza é Terra expropriada:
Triste sina da Galiza, triste sina da Ucrânia:
Nações Mãe de Impérios, mas hoje, expropiadas
por Impérios terceiros, acham-se radicalmente
expropriadas, desapossadas, esbulhadas, espoliadas ...
É a história, dizem os expropriadores, o mundo muda ....
Esses, mesmo esses também pregoam: "Siempre habrá pobres".
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Fernando Pereira, então em Montevideu, voltou à Galiza
e na Galiza o conheci e tratei, pouco, mais intensamente.
O derradeiro encontro foi na Crunha, talvez no "Bonilla a la vista",
já tocado pela doença definitiva. Sem dúvida a Terra e os Céus lhe foram leves.
Informa-me o poeta José Devesa, amigo Monterroso:
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FERNANDO PEREIRA CAAMAÑO (Arcade-Soutomaior,
1933-2010).- Activista cultural galego em Montevidéu (1956-1976), maiormente atravês do Patronato da Cultura Galega (fundado em 1964), tendo tido muita actividade coa doaçom para Rianxo do busto de Castelao que foi o primeiro monumento na Terra (1975). Acabou exercendo como (reeligido) alcaide di concelho natal, ponto de referência na recuperaçom galega do pos-franquismo: por ex., o nomeamento (1980) da primeira rua para o Guieiro: Av. Castelao.
Em 2010 publicou-se um livro de homenagem com colaboraçons várias e abundante acervo gráfico.
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NOTA.- Face à grafia comum, portuguesa, o amigo Monterroso utiliza uma adaptação ou adoção usada na Galiza, junto com a "demótica" ou castelhanizada que usa o poeta MANUEL MARIA nos seus poemários e outros textos. E que eu reconverto para português quase padrão.