Carta ao Manuel Maria de REMOL - 28 - "Proclama contra a guerra atómica"
Ó, Manuel! Começas o poema interpelando
e acaba-lo quase rogando:
"Homens do átomo: dizei que não
aos vossos amos; desprezai o seu ouro;
aprendei a amar e então compreendereis
que a vida é muito formosa,
que nada há tão formoso como a vida." (p. 63)
Mas, caro Manuel, que possa ser a vida? Sabe-lo?
Será o tempo que passa ou simplesmente nós
que passamos sem o sentir nem quase madurecer ...
Agora, Manuel, estou a escrever acompanhado
Missa Solene, do divino Beethoven, que dizia Alex
na Laranja Mecânica (A Clockwork Orange),
aquele filme de crime brutal, de ida e volta
de vai-vem, que em 1971 Stanley Kubrick
produziu e dirigiu sob a pauta do romance
desse nome cujo autor foi Anthony Burgess.
Era 1962, ano da publicação, mas já havia
proferas escritores que sabiam o que aconteceria
porquanto observaram que que acontecera:
Nazismo vencido, mas exportado aos vencedores
e por eles próprios às suas residências e bairros
ricas e miseráveis ... Depois foi a queda do socialismo
irreal e a expansão do capitalismo real a cavalo
de evangelhos prostituídos ... "Creo, credo ..."
canta agora o coro magnífico do divino Beethoven.