...Hoje acordei triste e revoltado com uma historia que sempre me contaram.

Disseram-me que na terra do nunca morava um "bom velhinho" , que nas noites frias de

dezembro, apesar da sua muita idade, enchia seu trenó de presentes e guloseimas e 

saia mundo a fora fazendo uma "noite feliz" para toda criançada.

Cresci acreditando na sua bondade e no seu grande amor, 

Aprendi até cantar um pedaço da musiquinha que dizia assim:

 

".... e o velhinho sempre vem..."

 

Acontece que passando o tempo percebi que

para voce  presentear a garotada, a casa precisava de algum adereço.

Você entrava pela chaminé...Saia pela lareira... Depositava os presente ao pé de uma árvore toda enfeitada de luzes e bolas multicores,

 

Hoje  "seu tapaceiro"  descobri a grande verdade... "o velhinho sempre vem...?"

 

Estou a vida inteira sentado a beira de uma rua onde só passa água de esgoto a céu aberto, sob um  sol escaldante...

Pois no sul não tem neve e não tem como deslizar o seu trenó...

 

Fiquei pensando, porque será que ele não vem?

Então entendi. minha casa não tem chaminé e muito menos lareira,

 

Diante de tamanha decepção resolvi te mandar esta carta,

Fazer algumas perguntas e quem sabe sua resposta me fará entender,

que voce é uma mera "fantasia...."

 

Te criaram com um único proposito.

 Fazer o   rico ser cada dia mais rico;

e o pobre por sua vez cada dia mais pobre,

desprovido de esperança, de sonho.

 

como sonhar se nem cama para dormir eu tenho?

 

como esperar?

se o presente de final de ano foi a demissão de meu pai.

 

Ah! "velho" mentiroso!

 

Quisera eu poder dormir e sonhar ...

 

Sonhar com um mundo sem você, sem suas mentiras.

Sem seus idealizadores que forçam a todo custo tirar o dinheiro do rico

e esperança do pobre,

 

Lamento meu velho,

voce não tem culpa.

Culpados são os que te criaram,

te chamaram de Nicolau,

te vestiram de verde...

 

Te transformaram,

o poder dominou.

trocaram a tua roupa,

te travestiram de velho gordo friorento

O mundo se curva diante de suas homenagens

... Mas não houve o meu sufocado lamento.