Mais um pedido de perdão

NATAL, 18 de Janeiro de 2022 (02:16)

Ola, meu amor,

Por muito tempo eu venho te pedindo perdão. Pedi desculpas constantemente e exaustivamente por todas as coisas que vieram antes e durante você. As minhas inseguranças, meus medos, a ansiedade que de fato percorria a minha corrente sanguínea, e outras doenças mais, (doenças que você ainda nem sabe, ou sequer sonha) são o retrato puro de uma carga que não é culpa sua, nem minha, mas mesmo assim, que se coloca entre nós.

Isso sempre me garantiu dois passos atrás: a segurança das minhas certezas traumáticas. Por anos me seguro a elas como se fossem a roda do leme de uma embarcação inaufragável.

Me ter significa poder e ser só. Me bastar, não incluía outro alguém, porque todos os que vieram antes de você me ensinaram a ter medo de estar com alguém, me amar era não querer ser amada por outra pessoa, porque assim eu me tinha, mas porquê então preciso de você? Por que só me sinto completa quando sei que me amas também?

Você é o meu grito de desesperado que desce rasgando a garganta como aguardente, e isso te coloca em descrédito, por que você passou a quebrar meu navio muito bem construindo, com essa sua mania de me mostrar que a felicidade é muito mais bonita quando compartilhada a dois, com você.

Mas quem é você para me tirar de mim? Quem foi que lhe permitiu chegar como um furacão quebrando as certezas que eram minhas? Quem te permitiu me olhar, e me enxergar como eu sou, toda cheia de erros e falhas? Ninguém, num foi?! Mas mesmo assim, você me viu. Me viu desde o dia que chegou, e mesmo quando foi e voltou, continuou a olhar. Sob seus olhos meus pré-conceitos sobre a vida e as pessoas, se partiram em mil pedaços.

As histórias que eu quero viver se escrevem sobre novos capítulos, as minhas certezas deixaram de caber em mim, e eu já não sei mais de nada.

A cada camada de cicatrizes que você arrancava e colocava, mais o barco se quebrava. O leme perdeu o rumo, parei de ver a proa, e já não havia mais onde me resguardar, o seu amor arrebentou tudo. E quando eu tive medo, você segurou minha mão, quando senti dor, você me abraçou, quando me recuso a ser feliz é você quem me lembra o caminho.

As suas mil e uma maneiras ser extraordinária me derem coragem para ser, fé para amar, e um lugar seguro para voltar quando estou com medo de voar. Eu sou outra desde que te conheci e eu não me recortei para caber em nada, pelo contrário, sou o que sou porque me expandi para ser tudo o que posso ser. Você quebrou o maldito barco para para que eu me tornasse mar.

Agora, as desculpas se esvaem com os medos que são maiores que as certezas. Não me deixe nadar só, porque o meu leme, o meu próprio leme está me levando diretamente aonde eu sempre vou querer estar: nos seus braços.

Por favor, continue a nadar comigo.

Atenciosamente, sua querida!

PS: Lembra? Sempre sua! Sobre isso eu não menti.

Eduarda Vieira
Enviado por Eduarda Vieira em 18/01/2022
Reeditado em 18/01/2022
Código do texto: T7431748
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