Carta ao Manuel Maria de REMOL - 17 - "Galiza"
Manuel, dedicas o poema "Galiza" (não "galícia", castelhanização do nome certo, GALIZA), "Para Salvador Espriu" i Castelló, poeta catalão (10 de julho de 1913-22 de fevereiro de 1985), que trataste amigos.
Investigo, indago, esquadrinho no teu poema a definição
daquilo que GALIZA possa ser e existir.
E acho, Manuel, emaranhado, rumor e brêtema,
labrego e marinheiro, orvalho e beijo,
chio de gaita e canção gemente,
saudade e morrinha, névoa e paisagem,
mar e terra, mar como terra, terra como mar,
confundidos e perplexos, baralhados ...
Sete provícias em quatro, reino que ainda é,
de que surgiram filhos ousados, negadores,
Castela primeiro, a seguir Portugal ...
Pobre GALIZA, mãe e senhora, escrava e contestada
historicamente pelos filhos que dela se afastaram,
ambos a afastaram sem misericórdia da história.
Apenas lhe permitiram se esgaçar em nacos a fugirem
da fame e da pobreza, a migrarem a países alheios,
carregando doridos com a própria morinha, saudade
quase morte impiedosa, negra sombra que os assombra
dia e noite, noite e dia ... noite e dia, dia e noite ...