CARTA DE MARITA PARA O POETA

Meu poeta,

Sempre que recebo suas cartas, espero alguns dias para ler, pois não é sempre que tenho ido ao cais, como gostávamos de fazer regulamente. Outras tarefas do dia a dia têm me tirado o velho hábito de contemplar o nosso pôr do sol.

Ler sua carta sentada no sofá da sala não me traz a sensação de que você está ao meu lado pronunciando os escritos na folha de papel.

As lembranças que tenho de você correm dentro de mim como água de um rio, que sempre deixei fluir em meu bem-querer, desse encontro de calmaria e bons ventos. Todas as vezes que estou no cais celebro as nossas eternas tardes e os momentos de aconchego, sempre acolhida em seus braços. Mesmo você não estando aqui, me sinto segura em pertencer a esse nosso porto seguro.

O tempo e a distância não me fazem esquecer esse amor que, cada vez mais, se entrega à paixão. É bom estar me sentindo assim, perdida em horas imaginando o momento do nosso reencontro.

Fico sempre agradecida por suas cartas, elas me acolhem com tanto carinho, que às vezes termino caindo no choro em ler as palavras em que sou chamada de Meu Amor.

Assim também gosto de me referir a você, Meu Amor.

Aqui vou chegando ao fim das minhas linhas de saudade às quais pertenço por me encontrar distante de você.

Cada dia que amanhece, sinto que são mais vagarosos, aumentando o meu tempo de espera, mas compreendo que isso é só da minha ansiedade. Às vezes procuro refúgio em leituras de amor com enredo parecido com nossa história.

Hoje fez um dia bonito, o sol com seu único olhar predominou radiante, agora estou cantando para ele uma canção de acalanto.

E para você, meu amor, desejo que ao receber esta carta sente na varanda, esperando a aurora deste outro lado do mundo e cante para o nascer do sol.

Beijos das águas do meu rio.

Castro Rosas
Enviado por Castro Rosas em 13/01/2022
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