CARO FULANO

 

Você me falou que na juventude teve o seu grande amor, seu primeiro amor.  Ela era linda. Sua paixão se convertia em sonhos encantadores.  Depois, por força das circunstâncias, os dois se distanciaram, mas o amor não morreu e ficou sendo alimentado por cartas.  Até que, inevitavelmente, houve o rompimento, e fim.  Quase fim.  O tempo foi correndo e ela se casou com outro.  Você também casou com outra, naturalmente, mas nunca esqueceu de sua primeira princesa.  O tempo correu mais ainda e você, a essa altura divorciado, soube que sua eterna querida ficara viúva.  Aí, voltaram a reescrever as cartas do passado e, mesmo já octogenário, você topou reencontrá-la.  Quão belo é o amor, hein!?... 

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Ufa!... Pera lá!... Nesta última carta você me diz que ficou decepcionado?!... Viu-a dependente numa cadeira de rodas?!... Despediu-se pela última vez, deu meia volta e pronto!?...  E ainda pede minha opinião!!!...

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Pensei, sim!  Nem precisava, mas segue o meu pensar.

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Na vida a dois, meu caro, um há de ser a muleta do outro. Grande prova de amor você daria oferecendo-se para passear ao lado dela, apesar da cadeira de rodas. Você seria, talvez não o seu novo amor, mas o seu novo apoio. E o resultado de sua "meia volta" é que, doravante, você continua só enquanto ela sofre sozinha. Isso não é bom para nenhum dos dois, mas ainda há tempo. O amor verdadeiro não enxerga obstáculos. Vá ! Volte lá!... Diga-lhe a verdade. Diga que ainda a ama. Você vai ver o quanto ganharão, o quanto serão felizes os dois, logo depois. Fosse minha, eu iria e a beijaria e mais: a assumiria. Haverá prova de amor mais intensa do que essa???!!!...

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Sei.  Hoje as cartas estão fora de moda, mas o que diria - ou o que faria - o prezado leitor? 

 

(fernandoafreire)                                                                                                                                                   

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Inspirado no texto: O Sonho Era Cristal E Se Quebrou

De: Nana Gonçalves

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 05/01/2022
Reeditado em 05/01/2022
Código do texto: T7422155
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