Por um começo indeciso
A cada canto um encontro, inesperado de momentos passageiros que nos faz governar, um estrondo na direção oposta e ainda outro sem resposta.
De cada frase sua uma saída estratégica, um olheiro por detrás do sorriso, um pensamento ligeiro entre o inocente e o réu confesso, tantos desejos, mas também muito medo de se ferir onde não existe culpabilidade. A vida deste poeta que se abre e se fecha, tal como o sino da igreja que toca as doze badaladas, parece-me até uma psicóloga por vigília repentina na consulta com seu paciente, formando uma pesquisa, atenta escuta, espreitando os passos que dou, esquadrinha o licito ou não.
Muitos são os que não vagam poucos os que sabem o valor de se ir à praça, trazidos pelos arranha-céus deste mundo, roçados por um covil de lobos, que na verdade furtam a loucura e desprezam a simonia, num recuo de órgãos cabedais.
Valha-me Deus que nesta noite meu espírito vai-se esfaimando nos desejos, que agora alheios, e de serões reservo o meu perfil nesta desventura.
Hoje me resguardo, na minha própria perdição em meus aposentos abrandando em sobeja por um gemido eternizando este momento...