As cadeiras vazias do Natal
Quando pensamos no Natal pensamos numa noite quente, num serão com gente, numa mesa grande e num momento de partilha com aqueles que mais amamos.
Pensamos em sorrisos de alegria, em gargalhadas fartas, em abraços apertados e em beijos sentidos. Pensamos num jantar que reúne aqueles que fazem parte das nossas origens, da nossa vida e da nossa história. Pensamos em comunhão e amor, em comida e coração quente. Pensamos num Natal perfeito onde não falta ninguém, onde estamos todos e onde tudo corre como idealizado.
Mas não.
Para muitos de nós, Natal também significa solidão, tristeza, saudade e doença.
O Natal traz também para cima da mesa as nossas dores, onde sentimos uma grande distância entre o que temos e o que gostávamos de ter, que sentimos a saudade dos que já não temos e amamos, que sentimos a solidão e os vazios, e os conflitos mais íntimos e mais latentes.
Natal significa também cadeiras vazias, amores perdidos, filhos partilhados e uma ceia a preto e branco.
No entanto, mais do que o desejo de um Natal perfeito precisamos de construir um Natal com significado e amor, mesmo com as cadeiras vazias. Precisamos mesmo.
Que em cada cadeira vazia permaneça a lembrança do amor que nela ficou, que em cada cadeira vazia se mantenha a esperança de um Natal melhor, maior e mais acolhedor. Que em cada cadeira vazia se preserve a intenção de um Natal pleno de aceitação sobre a imperfeição da vida, do próprio Natal e do amor. E se Natal é amor então que em cada cadeira vazia se deixe uma semente de prosperidade para alimentar aquilo que só a alma sente e só no coração conseguimos viver. Que seja um Natal de amor incondicional e de aceitação plena.
Estes são os meus mais sinceros votos a todos os poetas
Um Grande e Terno Natal.