Meu ainda marido Roberto:

Não sei como dizer, mas há que ser dito, estou te abandonando. Quando leres esta carta estarei em algum lugar distante, o mais distante que consegui longe de ti.

Já te amei um dia, ah, mas como os sentimentos mudaram com tuas atitudes vis e agressivas, de homem que queria ser meu dono.

Doeu muito viu? Suportei demais, sempre esperando uma mudança que jamais aconteceu, porque tu não queres mudar, nem pelo amor que dizes ter por mim, achavas que me davas o suficiente de atenção e de respeito...

Cansei, muitas noites passei chorando baixinho para não atrapalhar o teu sono, com medo da tua proximidade física.

O sexo que no início me deu tanto prazer, ficou insuportável, você esqueceu minhas vontades e desejos e me transformou em uma serva dos teus, me obrigando de forma humilhante a fazer coisas que eu não queria.

Nojo. Era apenas nojo o que eu sentia, canalha!!!

Não suportaria um dia a mais olhando o teu rosto de adoração doentia e posse sobre minha vida e meu corpo.

Você está doente e não sabe.

Nunca fui sua, no início foi bom porque te amei, não imaginava que você tornaria minha vida uma prisão domiciliar.

Foi aos poucos, lembro bem. Começaste a colocar defeitos nas minhas amigas, está certo que não fui firme o suficiente para me rebelar. Ali foi o meu primeiro erro.

Depois não permitiste mais a academia que eu frequentava, alegavas que minhas roupas eram ousadas demais e tinham muitos homens que segundo teu raciocínio frequentavam a academia para pegar mulheres inocentes, como eu.

Minhas roupas não eram ousadas, eram roupas confortáveis de academia, e sim, comecei a gostar dos olhares gulosos a mim dirigidos, mas nunca faria nada, porque ainda te amava.

Na sequência, começaste a implicar com minha família, segundo você pessoas que não me orientaram para ser uma mulher direita.

O que é ser uma mulher direita para você, Roberto?

E foi nesta sucessão de pequenas maldades e cortes de minha autonomia que você pensa que me subjugou.

Finalmente concordei em ficar em casa enquanto trabalhavas.

Mas tinha o vizinho, Roberto.

Passávamos a tarde inteira transando na nossa cama, braços e enlaço, gemidos e gritos abafados, muitos orgasmos, Roberto.

Todos os que me negaste. Ele me fez feliz, me fez mulher, completa, bem amada, deliciosamente devorada entre beijos, lábios gulosos e exploradores. Cavalguei muito na rola dele, ele me comeu de todas as formas, ah, Roberto, e tu idiota, trabalhando para me sustentar e levando guampas imensas.

Como rimos de ti da tua, na minha cama, cafajeste cornudo!

Ele vendeu o apartamento dele e vamos começar vida nova em um lugar que jamais vais descobrir.

Faça bom proveito da tua vidinha medíocre e egoísta.

Adeus!

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 10/12/2021
Código do texto: T7403876
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