Anti-herói
Estou sozinho (...)
Como hoje as 3h am sentado na mureta que divide a varanda, pensativo sobre o findar do ano, não haviam pensamentos claros, apenas um barulho mental, bem ao fundo, que não me deixava concentrar. Acendi o quarto cigarro, apaguei as luzes do quarto e me pus escrever essas linhas.
A insônia me pegou desprevenido, há chuva em excesso e faz frio, estou só, existe uma paz tão íntima no silêncio da madrugada (...)
Me vi conversando comigo mesmo enquanto dava um gole no whisky que me servi pouco antes de começar a escrever, a vida é assim então? Essa necessidade enclausurada de viver um amor versos a paz habitual de estar só?
O vento frio percorre meu corpo, é bom, a pela arrepia como sinal de inquietude, mas estou entretido me escrevendo essas palavras antes que o pensamento esvaia-se. Enquanto trago a fumaça sinto meus dedos formigarem e essa é a melhor sensação que a nicotina causa em meu corpo, trago comigo saudades, mas deixo portas e janelas sempre abertas, que bons ventos levem e me deixem leve.
Há em mim um anti-herói, cheio de jogadas revolucionárias, e também cheio de limitações. Havia, em tão pouco tempo atrás, uma vontade de mudar o mundo, e hoje eu já nem sei mais, talvez queira apenas me reconectar ao mundo.
Dessa vez
eu não vou fugir.
Paschoal, George