Querido eu
Querido eu (...)
Sei bem das artimanhas que enfrentou nesse ano anormal. Das circunstâncias adversas que foram impostas.
Bem sei do esforço necessário para levantar da cama; da força imposta para não perder o rumo e se render a trama.
Sei que beirou o absurdo.
Foi endoscopia com desfibrilador a 3mil volts, mas você seguia e seguiu; vez ou outra cabisbaixo, mas em sua grande maioria mirando o horizonte, perpetuando um futuro incerto que parecia nunca chegar.
Ah querido eu (...)
Sei das suas lágrimas;
Do pranto que molhou travesseiros e lençóis;
Da tua renúncia a tudo e todos.
Sei bem que assassinou alguns cupidos.
Vi de longe, tu, querido eu, matando o amor que nascia; e mesmo quando queria, o medo vencia.
Assim; mais uma vez, você partia.
Você partia em busca do novo; em busca do profano; da promiscuidade. E está tudo bem, você precisava.
Querido eu (...)
Te escrevo para lhe agradecer por tudo;
Se não fosse você, certamente eu não estaria aqui, essa nova versão de nós que eu tanto amo.
E apesar do tempo insano, estamos gozando de alegrias.
A vida é brisa leve;
Mas vez ou outra é onda de mar revolta.
É chumbo que pesa as costas.
É tempo que não se esgota.
A verdade é:
Nada pesa mais que
o peso de estar naquilo que se é.
obrigado QUERIDO EU.
Paschoal, George
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