Sob pressão
Livre arbítrio, o que seria? A liberdade máxima ou somente poder se revoltar ou ceder aos caprichos disponíveis? Um self-service de escolhas com ou sem balança? Ilusão, engano e conto de fadas? Seria possível sua prática? Porque já me sinto limitada, rotulada, encaminhada; humana, mulher, mãe, bem sucedida. Buscando isso ou aquilo, em constante estado fracasso. Saudando os vermes que debutam sob minhas férvidas carnes vivas. Extraindo a esperança do fundo do baú, como se ela fosse salvar o mundo, quando na verdade, afunda-me mais em minhas próprias lamúrias. Sem o direito de desistir, de descansar, de me sentir incapaz. Seja pelo meu bem, o de minha filha ou até mesmo de terceiros que priorizam olhar para mim quando se quer sei de suas existências.
Sinto-me um grão de arroz posto em uma panela de pressão com um pouco de óleo para saber se pipoco. Como se a curiosidade alheia fosse mover o meu mundo. Exprimida ao máximo, como se houvesse reversão pipocular. Enquanto tento atrair meu próprio lado pessoal com os polos que se partiram. Clássico clichê de protagonista adolescente, reunindo o mais óbvio dos discursos e passando por genialidade vangoghiana. Criticando a mim mesma pela rasa quebra de expectativas, enquanto, na mais profunda brincadeira, o botão vermelho de autodestruição segue sendo pressionado, liberando um clarão seguido de um ruído para revelar uma bandeira gigante com "boom". Bom senso de humor ou piada de mau gosto? Tanto faz...
Ninguém sabe de mais nada. Equivocados tanto quanto Hamlet - todos morrem no final. Não quero ser uma história que durará entre as eras. E que eras? Quero ser esquecida como os nossos primeiros anos de vida, sem saber se ganhamos muitos carinhos ou puros maus tratos e se quer ligamos para essas lembranças. Abusada de ter que escolher a bandeira do acerto ou do erro, quando na verdade, gostaria de apenas me despir de qualquer peça íntima no mais privado canto público porquê estava agoniada sem ter que me preocupar com um assédio moral de quem optou seguir as regras e eu se quer palpito, pois estava certa do meu incômodo. Tomando cuidado pra não acabar viralizando e tomando a atenção de todos enquanto quem realmente deveria estar sob observação rouba e depreda o que seria de todos.
Desatenciosamente, Nuvens.
PS: São gatos pingados que me cobram em voz alta, mas eu quero ter a liberdade de reclamar mesmo assim, e, talvez, passar a imagem que seja o fim do mundo pra mim, quando claramente não é.