Janelas do coração

Desconheço o número de pessoas que já passaram por minha vida. Se fosse enumerá-las , na verdade, acredito perder a vida muito de sua essência. Melhor assim, imaginar que por onde andei, colhi sorrisos, atraí olhares, gerei saudades.

Porque trato desse assunto assim, numa manhã de domingo? Talvez por sempre reunir os amigos em minha casa. Antes eram os familiares. Depois da morte do pai, a princípio, era mais fácil manter a familia reunida, depois, aos poucos, cada um preferiu seguir seu rumo. Até a mãe optou por estar só aos domingos.

Nascida para ter a casa cheia, sempre aparece por aqui alguém de sorriso espontâneo, alma de criança, nem que seja para roubar um pedacinho do meu pudim, o que me alegra o coração, faz-me sentir nos tempos de minha avó, com seus bolinhos fritos e família espalhada pela varanda.

Reminiscências...

Mas não é isso que me incomoda nesta manhâ: o fato de não ter a familia reunida. Mas o desconforto em saber da existência de alguns amigos que não aprenderam, no decorrer da vida, a ser generosos, trazer uma mensagem de carinho, ficarem acomodados, esperando que você sempre os procure. E olha que, se assim não fizermos , alguns até mudam-se de cidade sem nos avisar. Fica-nos a impressão de que somos pessoas não "gratas", atendem-nos por educação.

Sei que não deveria trazer isso à tona nessa manhã silenciosa de domingo, de muitas provas a serem corrigidas, mas como esquecer pessoas que passam por nossos caminhos, se realmente nos foram, são importantes? Acho que estou realmente amadurecendo.

Seja lá o que for,deixo aqui o desconforto de um sentimento chamado indirença, por parte daqueles que nunca tem tempo para mandar um alô e, ainda, a alegria de poder ter registrado, na mente e no coração as lembranças.Sinal de que em algum momento fomos felizes.

No mais, sigamos em frente! Cultivemos, no coração e na mente, o ideal e a certeza de que somos semeadores na estrada da vida. Seres com capacidade de amar, alegrar, sentir saudades...