em busca do texto perfeito (versão 2021)
Alterno o olhar entre o teclado e o monitor, troco de aba no navegador, no intento de sintetizar palavras na velocidade do pensamento. A principal exigência provém da incansável prática, de mãos dadas com a disciplina.
Por vezes a folha em branco transforma-se em um confessionário e tais palavras jamais tornam-se públicas, cumprem a função de desafogar a alma e expurgar a dor. Também não é comum que ocorra o contrário, que o pronome conjugado no singular apresente-se no plural e solidões conectem-se.
Vivo uma relação de amor e ódio com o perfeccionismo. Se sob um viés otimista ele me permite usar e abusar do bom senso, também me castiga sobremaneira e em busca do texto perfeito, os parágrafos soam um amontoado de incoerências.
As ideias fervilham dentro da mente, há muitas histórias almejando serem contadas, a mim confiam tamanha honra, entretanto, o receio de não satisfazer as expectativas alheias sobrepuja a real vontade de arriscar-me um pouco mais. E outro dia se vai. Outra semana. Desvio-me do foco, encontro um meio de distrair-me e, com isso, trair-me.
O nó que me sufoca no alto da garganta é um preço ínfimo a se pagar diante de outras distintas sabotagens conscientes (ou nem tanto), guiadas pelo medo. A culpa me mantém refém das agressões cometidas por quem triunfa enquanto me mantenho acuada e em silêncio.
04/11/2021