CARTA A UM SUICIDA
I
Hei, como é que está tua vida?
Eu não te conheço, nunca nos cruzamos
Nas ruas e avenidas
Mas senti no meu coração o desejo
De escrever – te essa carta
Oh, suicida.
II
Eu sei que falar é fácil
Que só quem sabe onde aperta
É quem calça a botina
Mas não se desespere
Ainda há esperança para tua vida.
III
O isolamento, meu caro...
É prisão, não é guilhotina
Para as perdas e discriminações
Sempre haverá uma saída
A vida só acaba, quando [tudo] termina.
IV
Sei que a pressão interna é grande
E a bebida no copo transborda...
Que nem leite nas bordas da xícara
Mas inda é cedo, e a noite não finda.
V
Conversa com alguém
Quebre o silencio, fuja da rotina
Não desista dos sonhos
Almeje novas conquistas.
VI
A vida é só uma viagem
E dela ninguém sai com vida
Estamos aqui de passagem
Cada um tem o que cativa.
VII
Se quiser chorar, então chore.
Conte até dez, vinte ou trinta
E se achar necessário, repita
Cante bem alto uma cantiga.
VIII
Mas não perca tempo.
Por Deus, pela vida
Faça novas amizades
Que elas sejam recíprocas
Mas se estás sozinho
E queres ser ouvido:
Me liga.
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Adilson Adalberto
http://adilsonconectado.blogspot.com/