Fortunato

Cara, para mim você ainda é sinônimo de um sentimento eufórico e vacilante. E imagino que se você estivesse vivo poderíamos continuar nos reconhecendo e evoluindo juntos. Absorvendo e repelindo, entende? É da natureza humana. Agora você está em um lugar que eu não posso te ver e te ouvir. Queria poder te ouvir.

Tenho a ideia de que você era uma das pessoas que mais me conhecia. Você me julgava como muito ruim e ao mesmo tempo me admirava horrores. Corretíssimo. Eu sinto falta as nossas dinâmicas. Você foi o meu exemplo de comédia. Todo mundo ria com você. Eu o admirava por isso também. Então, quando eu entro numa crise de gargalhadas hoje em dia, em algum momento eu lembro de você, e da gente, morrendo de rir juntos. Crises de riso e choro! Santa intensidade, acho que só você compreendia. Fomos terrivelmente loucos juntos, loucos cuidadosos um com o outro. Um cavando e depois dando limite ao outro. Como numa bela dança doida.

Você foi a pessoa que entregou a placa com o slogan de ''pense fora da caixinha'' para mim. E a placa antes era sua. Puxei tanta coisa que era sua para mim. Vejo tanto de você comigo. E claro, durante muito tempo a gente esteve, sabe? E agora a gente não está. É ruim não poder mais trocar com você. Agora eu só posso recordar. E vou recordando. Vou pensando que é joia ter essa boa referência. Pois admiro inteiramente quem você foi. Obrigada por ter me inspirado e por ter me ensinado. Obrigada.