Eu era lindo
Quando você é tomada pelo medo e a esperança não existe mais, o que fazer?
A esperança não está mais em mim. Ela se foi. O mar não dá pe. Não sinto o chão pra firmar. Estou em queda livre. Eu só sinto medo.
Ele me sufoca. Me tira os sentidos aos poucos. A paz não traz. Estou sem visão perante a vista. O som cumpre seu papel e não ouço. O alimento vem a boca, mas não tenho paladar. Não sinto o olfato. Perdi o tato.
Oh esperança onde estás?
Por sua causa sonhava. Acordava. Caminhava. Vivia os dias com sentido.
Agora perdi meu maior traço. Eu era crédulo. Acreditava e era lindo. Eu era lindo. Estou feio. Não me reconheço.
Errei por ter fé? errei em minhas orações ou nas ações?
Não tem mais volta? Perdi-a e ponto? sozinho e sem mais?
E agora? o que eu faço?
A companhia indesejada do medo me transforma. Estou frio. Cinza. Rígido. Pouco me resta. Meus tecidos começam a liquefazer e a se torna irreconhecível. Essa decomposição leva ao processo de esqueletização. É a morte.
Mas qual morte? do eu?
Eu vou deixar ele ir embora, se chegou a hora. Eu não vou mais me fechar para sempre. Sentir a dor daqui para frente. O que começou terá seu final. Isso é normal.
A dor do fim vem para encerrar? ou purificar?
No primeiro caso, já estás a me talhar.
No segundo, talvez a esperança volte. Recomeçar.