Eu era lindo

Quando você é tomada pelo medo e a esperança não existe mais, o que fazer?

A esperança não está mais em mim. Ela se foi. O mar não dá pe. Não sinto o chão pra firmar. Estou em queda livre. Eu só sinto medo.

Ele me sufoca. Me tira os sentidos aos poucos. A paz não traz. Estou sem visão perante a vista. O som cumpre seu papel e não ouço. O alimento vem a boca, mas não tenho paladar. Não sinto o olfato. Perdi o tato.

Oh esperança onde estás?

Por sua causa sonhava. Acordava. Caminhava. Vivia os dias com sentido.

Agora perdi meu maior traço. Eu era crédulo. Acreditava e era lindo. Eu era lindo. Estou feio. Não me reconheço.

Errei por ter fé? errei em minhas orações ou nas ações?

Não tem mais volta? Perdi-a e ponto? sozinho e sem mais?

E agora? o que eu faço?

A companhia indesejada do medo me transforma. Estou frio. Cinza. Rígido. Pouco me resta. Meus tecidos começam a liquefazer e a se torna irreconhecível. Essa decomposição leva ao processo de esqueletização. É a morte.

Mas qual morte? do eu?

Eu vou deixar ele ir embora, se chegou a hora. Eu não vou mais me fechar para sempre. Sentir a dor daqui para frente. O que começou terá seu final. Isso é normal.

A dor do fim vem para encerrar? ou purificar?

No primeiro caso, já estás a me talhar.

No segundo, talvez a esperança volte. Recomeçar.

Edu Magalhaes
Enviado por Edu Magalhaes em 03/09/2021
Reeditado em 03/09/2021
Código do texto: T7334705
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