Desdém afetivo

Autonomia... Acho que essa será a nova maneira de introduzir minhas contribuições em nossas "conversas", assim, expondo logo o tema que encaminhará meus pensamentos. E não é que eu venha, com isso, tomar protagonismo ou querer transformar isso em monólogos. Pelo contrário! Essa é a melhor maneira que penso em ser mais clara, certeira, direta, de entrar já buscar sincronia. Achei engraçado porque soa como uma mistura singular de desdém e afetividade, uma espécie de troca tão singular como o dançar dos remos que levam o bote até seu destino.

Essa palavra também combina muito com o que estou passando por agora – e com aquela dúvida que lancei em um texto já passado, sobre se as decisões tomadas estavam certas ou não.

Autonomia soa poderoso, né?! Mas ela não é somente isso, PODER(!). Autonomia também é empatia; liberdade; saber priorizar; julgar cada quadro no seu momento contemporâneo, atual; é não atropelar a si mesma e conscientizar-se dos acertos e erros. Uma espécie de ver o todo e definir o rumo que as coisas devem tomar a partir dali, o cretáceo pensamento de "botar na balança".

Temos, assim, que para muitas das vezes isso soará como algo egoísta. E está tudo bem, pois é completamente natural, porquê, no fim das contas, você está tomando uma decisão. E toma-las no meio dentre tantas opções é, sim, excludente das possibilidades. Só que é algo fundamental pra definir o rumo que se está decidindo seguir. E isso provoca insegurança se realmente foi, é e será a melhor escolha. E é nesse detalhe que surge todo o diferencial em saber lidar e não saber lidar com as consequências, sejam elas benéficas ou não.

Atualmente, venho tentando me dividir, me enxergar como uma individualidade, ou seja, respeitar a minha unidade. Eu quero estabelecer minha autonomia de forma identitária. E nesse processo, estou em constantes crises sobre como agir com os outros, principalmente com algumas amizades. O principal cuidado que estou tentando tomar é o de não alterar os valores das lembranças, assim, tomando cautela com o ardiloso: "mudar o passado". Eu quero deixar ele lá, intacto, mas estar ciente de que já foi, não passa de passado, e que sua função é de tentar contribuir para as decisões no presentes. É estabelecer que eu sou uma, mas uma que faz parte de um todo; um todo com outros tantos uns.

Minha autonomia está vinculada com o querer saber diferenciar o que é uma ação que me chateia e o porquê chateia da que não chateia e seu porquê. Quero controlar minha ansiedade e minha singular imaginação de criar roteiros e cenários que nem estavam no script de algum possível convite, assim, como poder dar os devidos créditos aos responsáveis dos acertos e erros daquilo que planejei.

Eu quero ser chata a esse ponto! De saber tim-tim por tim-tim! Mas, é claro, com a liberdade de poder expor ou não. Com a preocupação para com um outro, buscar os motivos que levaram ele/ela aquele resultado. Saber se o sentimento remanescente é o melhor para lidar com o desfecho da coisa. Definir se devemos continuar, por um fim ou renovar e delimitar novos limites, podendo até ser a hora de baixar algumas defesas. Quero me alinhar mais com o aproveitar de cada acerto e cada erro sem qualquer pesar; ou mesmo se houver algum pesar: aprender, entender o que estava errado, me desculpar ou exigir desculpas ou apenas reconhecer que foda-se e vida que segue. E tudo isso vai parecer egoísta, sim! Mas como eu saberei dos detalhes, eu saberei distinguir se realmente será ou não.

Com meu longínquo afeto, abraços.

Clara Nuvens.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 26/08/2021
Reeditado em 15/05/2023
Código do texto: T7329001
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