O que nasceu do divórcio entre expectativa e...
Divorciei... Esta é a primeira notícia que trago depois de sumir por tanto tempo. E não é que eu venha trazendo essa informação de forma espalhafatosa, como uma conquista, pois, como muitos outros relatos nessa perspectiva já deixaram esclarecido, a causa foi por um daqueles experimentares que mudam a forma como vemos o mundo, revela como agimos entre a gente e, consequentemente, mostrarmos alguma reação naturalmente complicada, mas comumente simplificada entre pedir desculpas ou apenas esconder a cara/seguir adianta - que também é confundida com humildade ou orgulho.
Essa relação começou como muitas outras anteriores, mas, foi a partir do termino dela que aprendi a tratar as vagas de cada relação com mais cuidado. Essa descoberta se deu como naquele clarão que ocorre na infância ao descobrirmos que aquelas pessoas que sempre estão próximas não se chamam pai, mãe, irmãozinho, irmãzinha, vô, vó e assim por diante; mas possuem um nome próprio, um remetente único(!). Comecei a pensar e refletir sobre isso nessa perspectiva. Os títulos que indicam as posições são assim mesmos - gerais, crus, não muito especiais, dando a ideia de que talvez não devam ser tratados como algo majestoso, único, sem igual. Porém, comecei a rever essa filosofia de tratamento.
Só agora, após adquirir um segundo ponto de vista, é que consigo analisar como eu fazia e, talvez, explicar o porquê da tais escolhas feitas. Anteriormente, eu estava focada no arranjar paz, sossego, assim, qualquer coisa que me proporcionasse isso - ou a ilusão disso, eu me jogava. Eu tinha tempo livre, poucas coisas com as quais me preocupar, sem muitos objetivos e compreensão de "lugar no mundo". Então, dividir o tédio era a melhor coisa que eu poderia fazer naquele tempo. Acompanhar algumas loucuras, sendo uma pessoa ativa ou passiva da ocasião, me sentir parte de algo que fosse além receber reclamações e apontamentos de inutilidade, distorção, erro. A carência oscilava e eu apenas me agarrava a qualquer um que pudesse me causar ao mesmo a sensação de pertencimento, acolhimento. Reiterando, fosse real ou não.
Eu não sei se até agora eu me fiz clara ou não. Só quero deixar pistas de que EU não entendia a importância dessas coisas. Tipo, não saber julgar quem é quem e o que esperar desses alguém, assim como ter ciência de quem eu era e o quanto eu me destoava ou cabia no como os outros esperavam que eu fosse. Amigas, namorado, colegas de trabalho são termos tão genéricos como aqueles dados à família, que chega alguém aleatório e ocupa uma das vagas, mas que possui uma identidade única, especial, majestosa - independente se nos é agradável ou não; donas de ideias próprias e coletivas, detentora de uma visão de mundo; proprietária de sua unidade e que estará se lançando a uma complexa relação social. Complexa por possuir níveis muito além do que podemos julgar entendermos e não entendermos. Mas foi somente depois de entregar uma vaga importante diversas vezes a qualquer um que viesse demonstrar afinidade, onde era gritantemente mudo o precisar tomar cuidado nessa seleção, que comecei a compreender a importância de cada vaga e de quem poderia ocupá-la; ou se havia algum desejo de que aquela vaga deveria ser ocupada.
Por fim, finalmente eu consigo enxergar o porquê de tantas decepções... Não existia sincronia nos motivos do preenchimento de vaga. Por agora, tudo isso ficou no passado e eu enfim começo a entender como administrar e preencher de cada vaga, a tentar separar quem é a pessoa que está se candidatando para ocupar uma vaga de como eu queria que ela fosse e para qual vaga ela deveria preencher. Ainda tenho muito para aprender, para evoluir. E pra você, venho esclarecer isso e pedir minhas sinceras desculpas por ter sido ignorante.
Da recém divorciada, Clara Nuvens.