Cartas para o Outro Lado
Cartas para o Outro Lado
Escrevo, apago e novamente escrevo
Sem certeza de que será lido, qual o sentido em meu coração? Eu orei e disse Gabriel: leve estas cartas, por favor. E em minha espera, o temor me arrebatou diante das potestades nos ares e no invisível. Sim, estou escrevendo para o outro lado um sinal de que ainda vivo e não sei ao certo sobre amanhã, pois à sombra de mim mesmo não consigo descansar e por isso me abrigo no esconderijo do Altíssimo.
Estou contando os segundos por causa dessa feroz ansiedade e que na batalha prevaleça o que confidencia minha mensagem. Outros tentaram e na verdade nunca se soube o final e eu desconfio que no conteúdo havia dor, angústia, pesares que não poderiam jamais atravessar os portões, afinal, é lá o lugar onde não existe qualquer raiz de dissabor. Então, escrevo sobre a paz que desejo sentir aninhado a presença do trono e quando for minha hora também tomar as asas da alva como tomaram também meus antepassados.
Eu sei que ela está lá, já adornada em vestes brancas como numa visita súbita me mostrou, sem mais traços dessa humanidade e das *desvirtudes que fazem essa matéria envelhecer, desvanecer. Quanto essas cartas que escrevo, também não terei notícias delas, mas enquanto eu ver esta luz, nenhuma escuridão predominará em meu caminho e jamais sentirei que estou longe dos umbrais eternos. Agora em carne, são apenas anelos, tão logo real será em espírito.
Escrevo em amor,
Victor Cunha
@_viccunha