Desgovernado

de: eu

para: eu

Carta para nunca esquecer que a dor passa.

Você foi por dias inumeráveis o grande amor da minha, no dia mais sombrio que vivi, te vi descer do carro e sem olhar pra trás me deixou, e aquele dia me senti só pela primeira vez em dez anos.

Talvez a dor que eu sinta passe com o tempo, com as drogas, com as pessoas. Talvez não passe.

Te vi na rua ontem.

Te vi na praça.

Na esquina.

Na mente.

Você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços o que eu nunca vou esquecer, revi nossas fotos em preto e branco no dia do sim e tô perguntando pra Deus o que vou fazer nessa terceira semana de setembro sem você e te confesso que queria sumir. E logo eu que não me preocupo com datas estou sofrendo com a tua falta.

É triste sorrir em meio tanta dor, mas eu tô levando, eu juro.

Olhei nossas fotos novamente, mas dessa vez vou apagar, assim como as lembranças da tua vinda de borboleta, como tuas juras de amor eterno. Dessa forma, pouco a pouco, tudo passa.

Mas queria que não passasse.

Queria que fosse tatuagem gravada em pele, feromônio.

Queria que fosse como fogo vivo que água nenhuma apagasse, mas fora apenas euforia, e euforia é fugaz, e, fugaz é morno.

Te queria em minha porta qualquer diz, dizendo-se arrependida; e minha porta sempre aberta te receberia e meu coração em desalinho de tão arrastado quase infartaria.

Sem demora a mão estenderia e com sorriso em rosto te abraçaria, beijaria. Que saudade do teu riso sabia?

Te queria sem sinfonias, apenas o som das batidas do teu peito; e sem piscar e nem ter medo, mergulharia novamente nesse teu mar de entrelinhas; nesse teu desencontro de euforias.

Te queria arrependida;

Pra te acalentar e te dizer que tudo passa, que a vida nos abraça e que amor, amor não morre assim de graça.

Então se for se arrepender que seja a jato, pois de arrependido eu quase infarto, pois a saudade do meu eu contigo me desfalece.

Perdoa o que fizemos nesse espaço, quer apaguemos todos esses meses que estivemos nesse laço.

Mas se não me quiser se de espaço, e, quando me ver vivendo não procure um novo encalço pra meu mundo novamente desgovernar.

e novamente você não veio.

Paschoal, George

Paschoal George
Enviado por Paschoal George em 25/07/2021
Código do texto: T7306959
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