A melhor turma da minha vida (UMSA – 2011/1- turma 11)
A melhor turma da minha vida (UMSA – 2011/1- turma 11)
Escrevo esta carta aos meus amigos e integrantes da Turma 11, do curso de Doutorado em Ciências Jurídicas pela Universidad del Museo Social Argetino – UMSA, do ano de janeiro de 2011.
Na vida acadêmica, passamos por várias turmas, seja no infantil ou primário (desculpem o uso dos termos antigos, uma vez que foram estes que vivenciei), no ginásio ou fundamental, no científico ou ensino médio, na graduação, pós-graduação lato sensu e stricto sensu, além do pós-doutorado.
Não bastasse isso, vivenciamos várias outras turmas com ou sem importância, seja no esporte, de línguas estrangeiras, de trabalho, de qualificação profissional, como professor de graduação e pós-graduação, etc. Este registro é só para enfatizar a quantidade de turmas que integramos no decorrer da vida.
Pois bem, no ano de 2011, resolvi fazer um curso de doutorado em ciências sociais e jurídicas, em plena cidade portenha, a bela Buenos Aires, capital da querida Argentina, cantada fantasticamente em prosa, verso e tango, pelos saudosos brasileiro Alfredo Le Pera e seu amigo e famoso argentino, Carlos Gardel.
A universidade escolhida foi a Universidad del Museo Social Argetino – UMSA, apesar de ter sido indicado para estudar numas das melhores universidades do mundo, de onde saíram CINCO PRÊMIOS NOBEL (O meu Brasil amado, infelizmente, ainda não possui nenhum, mas os atuais rumos levarão a este prêmio em breve), a famosa Universidad del Buenos Aires – UBA, porém não quis. Ainda bem que mantive a vontade em estudar na UMSA (por sinal, indico qualquer uma das duas), pois caso contrário não teria tido a felicidade em conhecê-los.
A turma que integrei foi a de número 11. Pessoas das mais variadas partes do Brasil. Uma festa brasileira numa sala em que o português predominava e assim foi até o final do curso. Advogados, professores de direito, policiais, etc. Várias profissões com finalidades jurídicas num só lugar. Além disso, os sotaques se misturavam. O meu sergipanês com o baiano e pernambucano, a beleza do gaúcho, com o marcante paulista, carioca, brasiliense, paraense, e assim vai. Muito bom. Pessoas bem vestidas, outras nem tanto. Culturas que demonstravam a magnitude do nosso país.
Por favor, antes de continuar a leitura, gostaria de pedir, em homenagem a Buenos Aires e aos nossos momentos, que escute Por Uma Cabeza, de Carlos Gardel e, se possível, degustando um bom vinho argentino. Só quem conhece, sabe dar valor.
Tudo tinha para ser mais uma turma, porém fomos todos pegos pela amizade e companheirismo sem precedentes, pelo mesmo, posso afirmar, para uma grande parte de nós. Talvez por decidirmos ficar, na maioria, no mesmo hotel, deu início a uma maior interação. O velho BAUEN, localizado próximo à UMSA, na avenida Callo, número 360. Um hotel próximo das 2 estrelas nos dias atuais, mas já foi 5 estrelas em tempos remotos. Alguns ficaram em outros hotéis ou em casas alugadas, o que também era um bom negócio, mas particularmente, nada se comparava ao BAUEN, mesmo com aquele cheiro de carpete antigo. Vez que, a sua localização era boa e tinha proximidade com lavanderias e cabines de telefone (naquela época, apesar de recente, usávamos as cabines de telefonia para falar com nossos parentes no Brasil, pois saia mais barato, já que não tinha ainda a figura do wattsApp).
Os cafés, almoços e jantares, durantes as duas semanas que ficávamos juntos (janeiro e julho) era sempre maravilhoso. Café tradicionais, medialunas, chorizo, pollo, papas fritas, uma culinária maravilhosa. Estudávamos muito, pois as aulas eram das 09 horas da manhã, com intervalo para almoço e encerrava às 20 horas. Além disso, tínhamos os trabalhos e estudos para o dia seguinte. Eles são muito bons. O acesso ao mestrado e doutorado é muito melhor do que o Brasil. Aliás, a cultura deles de leitura é melhor do que a nossa. A prova disso são as livrarias abertas 24 horas em toda a avenida corrientes.
Um professor de graduação argentino não tem menos de dois mestrados e doutorados, além de viverem exclusivamente, na sua grande maioria, mesmo com salários baixos, para a docência. Além disso, todos são autores de vários livros. São fantásticos. Basta dizer, que na nossa turma, tínhamos grandes profissionais nas diversas áreas do direito, mesmo assim, muitos dos nossos professores, tinham grande conhecimento nas mais diversas vertentes do direito, e o melhor, alguns ainda sabiam muito bem sobre a legislação brasileira. Ou seja, as aulas eram maravilhosas na sua maioria.
Neste momento, faço um registro e uma homenagem a todos os professores de ciências jurídicas da UMSA, nas pessoas dos professores Carlos Pietra Buena e Teodora Zamudio (sei que ao ler irá lembrar de outros nomes marcantes, assim, fica a sugestão para escrever uma homenagem específica). Aproveito o ensejo para parabenizar um dos meus professores do pós-doutorado, Eugenio Raúl Zaffaroni (registro que ele sabe falar e escrever português como se brasileiro fosse, e ainda conhece profundamente a doutrina de Tobias Barreto e Silvio Romero, que a maioria dos sergipanos desconhecem. Fantástico).
Claro que não ficávamos só com os estudos. Tivemos a oportunidade de conhecer a casa de show mais famosa de tango do mundo “senõr tango”. Restaurantes em Puerto Madero. A galeria Pacífico. A Feira de San Telmo. O jardim japonês. O cemitério La Recoleta. A Casa Rosada. A praça San Martin. O Estádio La Bombonera e o Caminito. O obelisco. Os teatros. Os pubs argentinos. A livraria El Ateneo. A cidade do Tigre. A Floralis Genérica na UBA. A rua Florida. Entre outros lugares. Muito bom. Todos devem conhecer Buenos Aires.
Foram dois anos de congraçamento e cumplicidade. Muitas histórias. Que nesta primeira carta não seria capaz de escrever, em tamanha síntese. Seriam necessário páginas que formariam um livro. O fato, é que preciso deixar registrando, a minha homenagem a JOÃO (meu irmão mais velho), RONALDO, TIAGO, GEISA, CASSIANA, RICARDO, IVAN, ELIMAR, SANDRA, RODRIGO, ROBERTA, ANA, HELCIMAR, MARIETA, HENRIQUE, FERNANDO, LÚCIA, ÂNGELA, BRUNELLI, SAVIGNY, DULCE, CARLA. Espero que não tenha esquecido ninguém. Parabéns meus amigos e muito obrigado. Vocês são importantes para mim e fazem parte da melhor turma que tive em minha vida. Fiquem com DEUS.
Alessandro Buarque Couto
Doutor e Pós-Doutor em Direito pela UMSA
Segue a música para recordar.
Por una cabeza
De un noble potrillo
Que justo en la raya
Afloja al llegar
Y que al regresar
Parece decir
No olvidés, hermano
Vos sabés, no hay que jugar
Por una cabeza
Metejón de un día
De aquella coqueta
Y risueña mujer
Que al jurar sonriendo
El amor que está mintiendo
Quema en una hoguera
Todo mi querer
Por una cabeza
Todas las locuras
Su boca que besa
Borra la tristeza
Calma la amargura
Por una cabeza
Si ella me olvida
Qué importa perderme
Mil veces la vida
Para qué vivir
Cuantos desengaños
Por una cabeza
Yo juré mil veces
No vuelvo a insistir
Pero si un mirar
Me hiere al pasar
Su boca de fuego
Otra vez quiero besar
Basta de carreras
Se acabó la timba
¡Un final reñido
Yo no vuelvo a ver!
Pero si algún pingo
Llega a ser fija el domingo
Yo me juego entero
¡Qué le voy a hacer!