Saudade Materna

Pela primeira vez rompi, mesmo que momentaneamente, o cordão umbilical simbólico que me prendia perto daquela vida iluminada que saiu do meu ventre. Uma viagem de quinze dias fora de casa, uma viagem de quinze dias longe do abraço apertado e do "sabia que eu te amo?" de todos os dias. Mas veja pelo outro lado, pelo menos não vão ser vinte dias como a gente pensava desde o começo, e cinco dias pra quem sofre de saudade são uma eternidade.

Aliás, já se passaram cinco dias e a falta vem apertando meu peito a cada novo dia que surge. Eu sinto tanta saudade de sentar com você na cama pra pentear teu cabelo e do cheirinho que ele exala quando recém lavado. Eu sinto falta das tuas birras e de todo aquele "não me toque" quando fica brava de ser contrariada.

Eu não queria estar longe mas eu precisava, eu não queria te fazer passar por isso, mas eu também acho que é algo que você precisa, porque quero te criar pro mundo e te preparar pra ser independente assim como eu. E, ainda sim, eu me sinto culpada de te fazer contar os dias e riscar cada dia que passa no calendário esperando a minha volta, mas acredito que eu me sentiria ainda mais culpada se tivesse sido covarde e perdido uma oportunidade que talvez algum dia gere frutos pra nós.

Tão ruim ficar longe, mas tão bom te ligar todo dia e perceber que a falta está presente por aí também.

Ontem eu chorei lembrando desse teu sorriso puro e de quando você me perguntou se eu não poderia ficar só cinco dias fora. Ontem eu chorei porque eu queria ter ficado só cinco dias fora e porque ainda faltavam mais dias pra voltar do que eu podia contar nos dedos das mãos.

Hoje eu fiquei feliz porque te liguei e você me contou como foi teu dia, detalhe por detalhe, e porque agora já posso contar os dias que faltam pra voltar pra casa nos dedos. Só mais dez dias. Me espere que logo estou aí.

Vai ser sempre nós, mesmo que separadas por alguns kilometros de distância!