Um surto a mais, um surto a menos.
Eu gostaria muito de perder as horas, apenas esquecer pelo momento restante de minha vida que tenho responsabilidades com compromissos que estavam destinados a minha pessoa. Se eu tivesse recebido o mapa do meu plano temporal, com certeza eu não teria embarcado em meu corpo e engatado a marcha para percorrer as estradas da vida. E tão pouco é por ter registro histórico traumático, mas porquê, simplesmente, sinto-me no direito de permanecer calada e tudo que eu disser e fizer poderá ser utilizado contra mim em algum tribunal.
Minha geração foi abençoada com as graças do planejamento da geração anterior de melhorar o futuro, porém, o futuro parece que não foi consultado dessas supostas mudanças de melhorias. Não me apego a complexos rasos sociais ou sexistas, são complexos estruturais mesmo. É estranho o fato de que porque estou aqui tenho que batalhar para alcançar a felicidade, sendo que se quer eu tive um pré-treino ou estágio para saber se eu queria enfrentar essa coisa de viver. Ter que aprender, trabalhar, pensar, refletir, competir, produzir, consumir... tudo isso pra receber uma medalhinha imaginária de escoteira competente e servir de propaganda de que com um "pouco" de esforço, tudo é possível. Detalhe que qualquer coisa contrária disso é desgraçado e seus sinônimos.
Não estou, também, apenas descrevendo crise existencial e discordâncias a fim de criticar as coisas, é só um manifesto pífio de revolta de aceitabilidade de sistemas diferenciados. É incrível como a história possuí tantos registros de massacres em prol do ajuste social e como estudos apontam que esses massacres deixam a modalidade física para atacar nos campos psíquicos e emocionais. E que o heroísmo é tão almejado, mas seu nascimento é tão repudiado. Aparentemente estamos tão capacitados para sermos sociais quanto somos cordiais.
Beijos e até o próximo surto.