Carta boêmia ao meu eu
Olá, meu querido eu do passado.
Estou eu aqui para dizer como sua vida foi boa apesar do pesares, falar que de tantas desilusões você encontrou um amor, aos poucos evoluímos como pessoa e persistimos nos sonhos que cá entre nós não são comuns para nossa idade na época.
Sofremos como um doce cachorro de rua que queria apesar um pouco de arroz e carinho, choramos tantas vezes olhando o mar enquanto o sol dava lugar as estrelas da noite, nos julgaram e preferiram na maior parte das vezes Barrabás, pensamos nos motivos, vários dias ensolarados perdemos numa cama tanto doente quanto deprimido mas é fato que tínhamos o poder de levantar sozinhos.
Talvez esse seja o real valor de viver, sentir a vida de um jeito tão intenso foi nosso pecado, que Deus nos castigue por isso daqui um tempo mas não me arrependo de ter vivido como você provavelmente viverá.
Agradeço a criança introvertida que lia clássicos literários aos 5 anos de idade, ao adolescente extremamente liberto de presas sociais e ao adulto tão lindo que se formou, ao idoso sábio que aqui está escrevendo vendo a vida numa tarde de outono, preciso ir, o amor da nossa vida fez meu chá favorito e biscoitos, além disso nossos bisnetos e ex alunos virão, sim, tivemos uma boa vida...