Carta para uma Nobre Senhora: Terceira epístola
Salve! Ó Nobre Senhora: A Solidão!
Andei tão imersa em sua essência que quase me esqueci de lhe dizer o quanto agradeço a vossa assídua companhia. Nunca poderei queixar-me de seu abandono.
De todos as sensações que me cercam, a Vossa Senhoria foi a única que nunca se desvirtuou, mudando a sua face ou os seus efeitos.
Analisando a minha mente reconheço que és muito necessária em minha vida, pois, ajuda-me a equilibrar os meus extremos, posto que sou muito sociável e se não fosse pela vossa presença constante, diriam que sofro de excesso de carência afetiva.
É incrível como as pessoas gostam de nos rotular e definir como carentes ou depressivos não é mesmo?
Isso sendo bem otimista, pois, na maioria das vezes é doente ou louco.
Mas, enfim! Posso aceitar ser chamada de solitária, depressiva não!
Afinal não deixo de viver por causa da vossa permanência em minha vida. Sou bastante consciente da minha condição de sozinha. E jamais poderia discordar desse rótulo, posto que sendo eu adepta da filosofia existencialista, não posso deixar de olhar o mundo com um misto de decepção e descrença. Uma visão influenciada pelos filósofos Schopenhauer, Sartre e Nietzsche, é verdade. Mas, ainda assim, uma visão minha.
Também tenho que admitir que andei lendo Soren kierkegaard e Sigmund Freud para entender a minha mente e a minha pouca fé. Mas confesso que não ajudou muito. Ainda mais que, somando a estes pensamentos, tenho uma propensão (herança materna) para a solidão e a falta de sorte no amor.
Então, meio que desenvolvi a síndrome do amor platônico (Eu classifiquei como síndrome). Não consigo racionalizar os sentimentos como Aristóteles ou Descartes.
E, como se tudo isso não bastasse, tenho um eu lírico adepto do pessimismo poético dos ultrarromânticos. Ou seja, sou uma verdadeira bomba de tristeza prestes a explodir, diga-se de passagem.
O romantismo é, de longe, o meu maior defeito.
Costumo idealizar demais as relações humanas e quando elas se revelam mercenárias ou secas me entristeço.
A bem da verdade tenho reparado que estabeleço expectativas muito altas nas outras pessoas e talvez a culpa seja só minha pelo fato dessas expectativas não se sustentarem.
Poderia dizer que sou expert em " castelos de cartas sentimentais". Invariavelmente eles tendem a ruir e, quando isso acontece, eu fico observando os meus erros como se visse uma película de filme longa-metragem em câmera acelerada.
Revejo as cenas construídas pelo meu imaginário tolo e como trilha sonora ouço em meus ouvidos a bela e melancólica música Vulnerável da Kell Smith para arematar.
Ou será que é Carta para você?
Não importa, ambas são lindas sugestões.
Querida Senhora Solidão! Não quero ser forte. Não quero ser dura ou corajosa. Só quero ficar aqui no fundo do poço. Quietinha. Tentando aceitar essa dor de amor "imortal em mim".
Quero apenas deitar um pouco e chorar o tempo necessário para aliviar o peso desse fim que não chega porque simplesmente não houve um começo.
E sabe de uma coisa Nobre Senhora? Eu descobri que o fundo do poço é o seu endereço e que eu o tenho visitado muito ultimamente. Vossa Senhoria já deveria ter preparado um travesseiro fofo e um chá de camomila para os meus nervos. Aqui neste recinto é muito frio e tenso. Preciso de um acalento, pois, ainda que o seu abraço seja muito apertado e me impeça de respirar, prefiro sua companhia à da ingrata Tristeza. Muito embora eu saiba que esta última seja uma sina perpétua da minha alma abandonada.
Quero, na verdade, fazer só uma observação, Cara Senhora:
Tenha a nobreza de verdadeiramente me aconchegar nos seus braços sem me asfixiar. Só quero poder continuar acreditando que posso sorrir SE e QUANDO eu tiver vontade, apesar dos pesares.
Quero ser apenas uma hóspede no seu divã, não uma eterna inquilina.
Sua companhia, de certa forma, me protege de mim mesma, pois, enquanto eu estiver aqui, no seu colo de madrasta, meus olhos estarão fechados e mesmo que se abram não poderão enxergar nenhuma ilusão catastrófica para ferir ainda mais o meu coração bobo.
Grata pelo acolhimento: Adriribeiro/@adri.poesias
Salve! Ó Nobre Senhora: A Solidão!
Andei tão imersa em sua essência que quase me esqueci de lhe dizer o quanto agradeço a vossa assídua companhia. Nunca poderei queixar-me de seu abandono.
De todos as sensações que me cercam, a Vossa Senhoria foi a única que nunca se desvirtuou, mudando a sua face ou os seus efeitos.
Analisando a minha mente reconheço que és muito necessária em minha vida, pois, ajuda-me a equilibrar os meus extremos, posto que sou muito sociável e se não fosse pela vossa presença constante, diriam que sofro de excesso de carência afetiva.
É incrível como as pessoas gostam de nos rotular e definir como carentes ou depressivos não é mesmo?
Isso sendo bem otimista, pois, na maioria das vezes é doente ou louco.
Mas, enfim! Posso aceitar ser chamada de solitária, depressiva não!
Afinal não deixo de viver por causa da vossa permanência em minha vida. Sou bastante consciente da minha condição de sozinha. E jamais poderia discordar desse rótulo, posto que sendo eu adepta da filosofia existencialista, não posso deixar de olhar o mundo com um misto de decepção e descrença. Uma visão influenciada pelos filósofos Schopenhauer, Sartre e Nietzsche, é verdade. Mas, ainda assim, uma visão minha.
Também tenho que admitir que andei lendo Soren kierkegaard e Sigmund Freud para entender a minha mente e a minha pouca fé. Mas confesso que não ajudou muito. Ainda mais que, somando a estes pensamentos, tenho uma propensão (herança materna) para a solidão e a falta de sorte no amor.
Então, meio que desenvolvi a síndrome do amor platônico (Eu classifiquei como síndrome). Não consigo racionalizar os sentimentos como Aristóteles ou Descartes.
E, como se tudo isso não bastasse, tenho um eu lírico adepto do pessimismo poético dos ultrarromânticos. Ou seja, sou uma verdadeira bomba de tristeza prestes a explodir, diga-se de passagem.
O romantismo é, de longe, o meu maior defeito.
Costumo idealizar demais as relações humanas e quando elas se revelam mercenárias ou secas me entristeço.
A bem da verdade tenho reparado que estabeleço expectativas muito altas nas outras pessoas e talvez a culpa seja só minha pelo fato dessas expectativas não se sustentarem.
Poderia dizer que sou expert em " castelos de cartas sentimentais". Invariavelmente eles tendem a ruir e, quando isso acontece, eu fico observando os meus erros como se visse uma película de filme longa-metragem em câmera acelerada.
Revejo as cenas construídas pelo meu imaginário tolo e como trilha sonora ouço em meus ouvidos a bela e melancólica música Vulnerável da Kell Smith para arematar.
Ou será que é Carta para você?
Não importa, ambas são lindas sugestões.
Querida Senhora Solidão! Não quero ser forte. Não quero ser dura ou corajosa. Só quero ficar aqui no fundo do poço. Quietinha. Tentando aceitar essa dor de amor "imortal em mim".
Quero apenas deitar um pouco e chorar o tempo necessário para aliviar o peso desse fim que não chega porque simplesmente não houve um começo.
E sabe de uma coisa Nobre Senhora? Eu descobri que o fundo do poço é o seu endereço e que eu o tenho visitado muito ultimamente. Vossa Senhoria já deveria ter preparado um travesseiro fofo e um chá de camomila para os meus nervos. Aqui neste recinto é muito frio e tenso. Preciso de um acalento, pois, ainda que o seu abraço seja muito apertado e me impeça de respirar, prefiro sua companhia à da ingrata Tristeza. Muito embora eu saiba que esta última seja uma sina perpétua da minha alma abandonada.
Quero, na verdade, fazer só uma observação, Cara Senhora:
Tenha a nobreza de verdadeiramente me aconchegar nos seus braços sem me asfixiar. Só quero poder continuar acreditando que posso sorrir SE e QUANDO eu tiver vontade, apesar dos pesares.
Quero ser apenas uma hóspede no seu divã, não uma eterna inquilina.
Sua companhia, de certa forma, me protege de mim mesma, pois, enquanto eu estiver aqui, no seu colo de madrasta, meus olhos estarão fechados e mesmo que se abram não poderão enxergar nenhuma ilusão catastrófica para ferir ainda mais o meu coração bobo.
Grata pelo acolhimento: Adriribeiro/@adri.poesias