Avita carta...


 
 


Meu amor...
 
    ...Pare tudo agora! Apenas um instante de atenção, pode salvar a nossa relação. As luzes estão opacas, já não tem mais aquele brilho reluzente, enfraqueceu com a distância das junções dos polos.
    Aos poucos o frio foi tomando conta da morada, outrora tão bem aquecida pela lareira, que era sempre nutrida com especial madeira aromática, invadia docemente a casa, nossa harmonia se mantinha, no calor que nos envolvia.
    Acordávamos do sono e dormíamos no nosso particular sonho.Tudo era planejado e ao mesmo tempo, o plano era deixar o amor nos envolver e assim, dedicávamos um ao outro em palavras, ação e atenção, com toda alegria de vivermos um para o outro...
    Sim, em alguns momentos não estávamos completamente juntos, mas, mesmo ao longe, havia uma linha que nos envolvia, a certeza do recíproco amar, nossa aliança e fortaleza, para além de qualquer imprevisível acontecimento...
    Cada sutileza, carinho... perfumava nosso ninho. Não eramos perfeitos, mas o respeito era mútuo e o buscar da compreensão também, pois o mais importante, era termos e mantermos firme o fundamento de nosso bem estar, juntos!
   Foram anos bem vividos, bem nutridos e bem aproveitados, incansavelmente nos amamos, viajamos e planejamos ser sempre assim.
    Quem governa o amanhã? Construímos nossa casa com toda a preocupação de não deixarmos os alicerces fracos, ter as paredes fortes, cobertura estruturada... mas, esquecemos de fechar a janela das incertezas e a porta dos enganos...
     Sabemos que não dependemos de tudo, mas tudo depende de nós, nosso mundo ficou sem futuro, o chão se abalou, as paredes trincaram e a cobertura descobriu, um vento forte, balançou friamente, nada mais ficou no lugar.
    Será preciso muita força de vontade, para recomeçar. É preciso muito amor para continuar. É necessário perdoar e acreditar, que ainda é possível reconstruir.
    Estamos inertes diante de tudo, ainda congelados pelo infortuno, ainda há nuvens escuras a nos rodear, ainda há também, esperança em nós. Somos na verdade, vitimas das ciladas do caminho, por mais que imaginamos estar certos de tudo, vem um sutil vento, a nos mostrar que, somos como a onda do mar.
   Agora chegou a hora de fortalecermos um ao outro, chegou o momento de lutarmos juntos, e superamos todo este difícil processo a enfrentar.
    Estou aqui... por mais que não me veja, por mais que esteja aí, tão compenetrado em si, quero que saiba, eu estou aqui, a poucos passos de ti, aguardando o seu despertar, para iniciarmos a grande obra em nós, sim, primeiramente em nós, tudo mais, naturalmente será, faremos e com certeza, com a junção dos polos, as luzes voltarão a brilhar.



 
Estou aqui, 
Te amo, sempre...


 





 
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... Naquela casa antiga, herança de família, tanto tempo fechada, tantos passaram e viveram nela, a jovem Carmem, ao mexer em alguns móveis, ali encontrou, está carta empoeirada, amarelada, mas intacta, dentro de uma caixinha de madeira toda bordada, aparentemente com muito carinho, estava no fundo de uma velha e antiga cômoda, embaixo de tanto papéis, ali estava a carta... A jovem herdeira, juntamente com seu noivo, foram lá dar uma olhadela, e encontraram esta relíquia, parte de uma vida, como ficou este relacionamento da dita carta? Ninguém sabe, mas estão procurando para ver se acham outras cartas, quem sabe poderão desvendar um antigo mistério... 
 
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Glaucia Amaral
Enviado por Glaucia Amaral em 26/04/2021
Código do texto: T7242022
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