Carta aos meus 21
Oi,
Sinto saudades do tempo. Saudades de tudo que um dia me fez bem, que me fez sorrir. Sentir saudades é normal, é comum. Somos humanos e por termos um cérebro que pensa e que registra momentos estamos suscetíveis à saudade. Como um grande computador que arquiva memórias, assim é nossa mente de acordo com Augusto Cury, um dos grandes pensadores do século XXI. Nesse computador há janelas e creio que uma dessas janelas é a da saudade que de quando em vez se abre fazendo-nos voltar ao passado. Se bem que voltar ao passado não é ruim, dá um certo prazer, no entanto é preciso estarmos no presente, aliás é ele nosso fio condutor. É certo que para essa eletrização é necessário ter aparatos que antecedem e dão suporte, aqui se encaixa o passado. O futuro é o ponto de chegada, hoje, por exemplo, é o futuro do ontem e porque não pensar ser hoje o ontem do amanhã. Coisa de louco, mas isso é verídico.
Refletir acerca do tempo é magnífico! Esse fenômeno que é imprevisível faz-nos ser humano. É como olhássemos ao espelho, nos retrovisores. É percebermos que tudo que vivemos agora um dia pode ser passado, um passado em que é inspirado num outro passado, o outro passado em um outro passado e assim sucessivamente. Aqui vem os sonhos! Foi o passado que formou nossos sonhos e irá formar, o presente é persistência e o futuro, realização, sucesso, ou a depender, fracasso. Se bem que não acredito em fracassos, acredito em aprendizados. Enquanto homens estamos também suscetíveis ao aprendizado, assim como a saudade. Enfim...Vivendo e aprendendo.
Gosto de olhar para trás e perceber o quão corajoso eu fui. Um corajoso chorão, mas que fez das lágrimas um passaporte para atravessar as adversidades da vida. Lágrimas...Gosto dessa palavra! Ela me traz maturidade, sorriso, alegria, saudade, melancolia...Me traz paz! Queria que todos os homens chorassem, só assim perceberiam o valor de um riso. O choro é o acalento da alma.
Como diz o poeta Bráulio Bessa, coragem não é ausência de medo, mas é você saber lidar com o medo. Por isso eu aprendi a ter medo e domá-lo. Na verdade a poesia tem disso, ela nos humaniza, já afirma Antônio Cândido. Assim quero ser corajoso cada vez mais....
Davi Santos
03/04/2000