Um poema para minha mãe/(O meu conselho tutelar)
Airam Ribeiro
.
Montado no meu destino
Na garupa os meus versos
Chamei aquele menino
E fui passear ao reverso,
Remoendo os pensamentos
Lembrei de alguns momentos
Que hoje está ao inverso.
.
Na minha antiga morada
Eu vasculhei minha mente
Que observando a entrada
Viu minha mãe no batente,
Ainda viva ela estava
Parecendo que pensava
Como iria criar a gente.
.
Ainda vejo na imagem
Uma sandália segurando
Pra fazer uma tatuagem
Em quem estava pirraçando
Não adiantou a carreira
A sua mão foi bem certeira
Que em mim foi acertando.
.
E ela acertou em cheio
Que até deixou a marca
Não tinha nenhum receio
A minha velha matriarca
Fez-me um homem de respeito
Sei que não sou um perfeito
Mas não sou homem de fuzarca.
.
O meu conselho tutelar
Estava ali dentro do lar
Com mamãe a segurar
O material da punição,
Uma vara de marmelo
Às vezes era o chinelo
Batia no menino magrelo
Mas doía o seu coração.
.
Outras vezes era o fedegoso
Que fazia aquela festa
E um cocorote gostoso
Acertando em cima da testa.
Ah minha doce criatura
Você está aí nas alturas
E a saudade aqui é o que resta!
.
Voltei montado na mente
E vejo o retrato na estante
Como a dizer estou ciente
Aqui estarei todo o instante.
Deus te abençoe meu filho!
Eu vi no retrato um brilho
Que nunca tinha visto antes. Ver menos