Carta ao Meu Filho
Arthur, há nove anos estávamos prestes a nos (re)encontrar. Hoje tenho a grata oportunidade em vê-lo chamar-me de Pai.
No dia de seu nascimento, escutei repetidamente a música “Sonho de Ícaro”. Essa música sempre me emocionou, mas confesso a você que, embora seja agradável ao meu ego a ideia de figurar como Dédalo e ao menos em fantasia possuir a engenhosidade dele, meu coração repudia tal desiderato, pois não suportaria a má sorte que teve no trajeto entre as ilhas de Creta e Sicília.
Além disso, não sei voar. E muito menos posso dar asas a você. Na verdade, mal sei andar.
Desse modo, não alçarei voo. Menos ainda lançar-te-ei de um penhasco.
Entretanto, o convido a permanecer caminhando ao meu lado, pois dentre tudo que não sei, resta-me uma certeza, meu Filho: onde caí, não cairás, pois se não sei por onde guiar-te, ao menos sei por onde não permitirei que sigas.
Quanto às asas, essas surgirão naturalmente com o tempo. Enquanto isso, manter-me-ei Anderson e chamá-lo-ei Arthur. Eu, “filho do homem”. Você, “pagão”, porém, sempre nobre e generoso.
Obrigado por ser meu filho!
Que Deus te abençoe e proteja sempre!
Feliz Aniversário!
Te amo!!!!
Ipatinga, 26 de novembro de 2016
Obs: tempos antes desse texto, meu filho, alguns amigos e eu, havíamos sofrido um acidente envolvendo um enxame de abelhas.