Carta pra mim 04.03.21
Eu sempre gostei de quem era diferente. me encantava quem saía da bolha e vivia sob os olhares curiosos. bem, os olhares curiosos, na verdade, nunca me encantaram. me dói um pouco perceber que alguém ou vários, em algum dia, estabeleceu algumas pequenas e grandes regras sobre como viver a vida e, geração após geração, foram seguindo essas regras sem fundamento. e pior, sem questionar.
Acredito que se as pessoas fossem acostumadas a questionar tudo, não haveriam padrões. porque essa modelagem única de ser humano ideal que temos, e que varia de cultura pra cultura, nada mais é do que não pensar fora da caixinha. me dá calafrios viver presa no esteriótipo, mesmo que muitas vezes eu me veja ali me debatendo em meio à ele, tentando não me afogar.
Não me é estranho o que as pessoas escolhem fazer ou como usar seus corpos. não me incomoda que bocas se beijem (com consentimento de ambos, lógico) ou que mãos se toquem, mesmo que sejam iguais. Que cabelos de todas as formas, tamanhos e comportamentos não me trazem nenhuma repulsa.
Esquisito pra mim é pouca gente com fortunas e muita gente na miséria.
Me dá ânsias saber que a mesma boca que reza, grita preconceitos na rua.
Me enlouquece saber que ainda exista quem precise lutar pra sobreviver enquanto outros gastam seus tempos tentando tirar direitos de quem só quer ser feliz.
A sociedade está mentalmente doente porque as pessoas se sentem presas tendo que viver vidas falsas pra agradar sabe-se lá quem.
Se ser esquisita é incomodar o patriarcado, contestar as injustiças das minorias e ser tudo aquilo que o machismo despreza?
Ah! meu amorrrrrrr....
Você não viu nada ainda, dessa esquisitamente eu de ser...
Bora lá que dizem que depois dos 40 perdemos o filtro das palavras!!...