As peripécias de Moniquinha - Parte 11

As peripécias de Moniquinha - Parte 11

Vovó Lice era da ordem terceira, da igreja do Carmo, hiper beata, quando ela ia pra lá, usava uma saia cinza, uma blusa branca com um broche na gola, usava uma faixa atravessada no ombro. Quando o frei Damião esteve aqui no Recife, ela nos levou para vê-lo. Eu me amostrando porque já tinha uma mantilha rendada e um terço de cristal, já podendo comungar, enfrentei uma fila horrível para me confessar com o frei. Chegando a minha vez, ele me perguntou qual era o meu pecado, daí eu parei... o que dizer pra ele? Meu Deus... aí eu queria que ele me mandasse rezar bem muito, pra ficar me exibindo com os presentes que havia ganhado na minha 1 comunhão, que pena que naquele tempo não havia celular pra mostrar pra todos da escola... só sei que eu falei pra ele que chamava nome feio, como; burro, seu besta, cavalo, jumento e blá, blá, blá.... Eu fiquei maravilhada quando ele mandou rezar no terço, 50 pai nosso e 50 ave-maria. Meu sonho!!!! ..... Fiquei lá bem na primeira fila pra todos verem!... quem sabe tinha alguém conhecido por lá... rsrsrsrs... sei não... Minha vó Lice gostava muito de sair comigo, uma vez, ela me levou ao cemitério de Santo Amaro, onde a família dela possuía um mausoléu, onde vovô Quincao, tio Ze e tio Geraldo estavam dormindo. Ela me disse que iria tirar os ossos do último filho que ainda estava lá, no caso tio Geraldo. Quando chegou o coveiro que abriu a gaveta aonde estava seu esqueleto em pé, com apenas um toque, todos seus ossos deslizaram, assim como um dominó, ... Deus do céu, saiu tanta baratinhas brancas de lá que eu fiquei desesperada, não esperava por aquilo, daí sair correndo desesperada, pois, elas estavam querendo subir nos meus pés e me perdi no cemitério. Corri tanto que não soube mais voltar pra minha vó, desistir de procurá-la e me sentei num banco e comecei a chorar, todos passavam por mim e perguntavam o que tinha me acontecido... depois de muito tempo, vi minha vó, coitada, desesperada me procurando.... o que ela havia de disser aos meus pais senao me encontrasse?!.....Eu soluçava quando a vi...Ela me abraçou bem forte e me pediu pra ficar calma! Minha vozinha, era um amorzinho, pude desfrutar com ela de várias experiências de sua vida, vivi com ela muitas alegrias, surpresas, dores e sofrimentos. Uma pessoa super humana, caridosa e sensível às dores humanas. Era uma mulher digna e muito honrada! É triste quando perdemos alguém na morte, é como se a gente ficasse mais só no planeta, menos amada no mundo!...

Mônica Farias
Enviado por Mônica Farias em 05/02/2021
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