1ª Parte de Minha Infância
 
 
Aos doze anos escrevi estas páginas nas quais falo de: meus pais, minha terra natal, a seca, emigração para outro Estado, as diferenças de natureza etc...
 
2ª Parte: Meu casamento, morte do meu pai, separação do cônjuge, e tudo mais até se vó.
 
Memórias:

Campos: fazenda Várzea:
Onde nasci, cresci vim mudar-me mais tarde (12 anos depois).
Recordo do passado, vivi o presente e imaginei o futuro.
Onde os meus pequenos passos rodeados de flores, sorrisos, pais, irmãos e tudo em fim crescia junto aos meus pensamentos.
Onde tive meu 1º namorado, iniciei os meus estudos. Vim mudar-me mais tarde para outro Estado “Goiás”. Ali comecei a viver o destino que o dedo “Divino” traçou.
Ao lado do meu pai andei muito por estes campos, procurando gado, suas criações e até caçando animais selvagens.
Dava água as criações retirando dos bebedouros onde milhões de latas d’água saciava a sede dos mesmos que dependiam de nós.
Tudo que sou e o que deixei de ser iniciou-se ali.
 
Era uma manhã de 17 de dezembro de 1953.
Lembro-me bem, dissemos adeus juntos a esta casa.
Com lagrimas e saudade, seguia sertão afora aquela família emigrante para outro lugar, deixando ali sepultado seus ideais, suas saudades, suas mágoas, sorrisos e dores. A procura da sobrevivência, pensando ser feliz ou morrer talvez sem que voltasse mais ali.
Seguia todos na mesma hora, aquele carro velho rasgava a brisa de uma longa caminhada, cada marcha passada, distanciava mais aqueles corações que em silêncio choravam.
 
 
Culpando assim você! “Seca”:
Veio separar uma nobre família de seu torrão natal, com a crueldade da mesma já vinha martelando no coração dos pais.
Os mesmos cortados pelo amor que lhes apega a sua terra. Resolveram ultrapassar as ribanceiras da dor e deixar tudo para trás, a tudo dizer adeus e partir.
Quantos sonhos lhes passam? Como podiam aceitar mudar de onde iniciaram suas vidas e nossas vidas? Juntos sentiam o mesmo problema.
Resolveram enfrentar e sair a procura da felicidade, aceitar o que as horas lhes reservava.
O amor e mágoa.
O sorriso e o pranto.
A alegria e a dor.
Que juntos cuidavam de nós filhos, seres estes que o pai lhes confiou.
Pediu ao pai para o orientar.
Venderam tudo que tinham, fazenda, animais e enfim tudo que era seu.
Para não enlouquecer com a saudade que lhe atormentava, meu pai pegava sua carabina, espingarda e saia pelos campos, procurando uma resposta aos seus pensamentos que tanto lhe conturbava.
Passos lentos juntos as folhas secas dos marmeleiros pendentes. 

 
Macapá-AP, 05/02/2021
Por Bert Noleto
Memorias da juventude de minha mãe (autora)
Isaura Sousa Brito
ISAURA SOUSA BRITO
Enviado por Bert Noleto em 05/02/2021
Reeditado em 17/04/2021
Código do texto: T7177065
Classificação de conteúdo: seguro