As peripécias de Moniquinha - Parte 3
As peripécias de Moniquinha - Parte 3
A despedida da rua Laerte Lemos, foi um dia muito triste, nunca pensei em deixar meus amiguinhos, chorava muito, descompassadamente, papai me prometeu vim ver meus amiguinhos todos os domingos, promessa de rei! O dia da mudança, rumo ao bairro do Engenho do meio..... nem imaginava o que vinha pela frente! O caminhão enorme da mudança chegou, todos os móveis em cima dele e papai me pôs em volta dos ombros dele e me disse: "vamos lá querida, tenho certeza que você vai amar a casa e de vez enquanto vou levar seus amiguinhos pra brincar com vocês", entrei no aero willis e fechei os olhos, só abri quando chegamos lá. Realmente papai acertou, fiquei espantada com o que vi.... A casa era enorme, murro alto, da metade pra cima era de grade. Tínhamos uma vista de dentro pra fora da casa admirável! . A casa era muito novinha, era um quarto pra cada menino, um quintal enorme, cheio de árvores frutíferas, só que lá fora era tudo deserto, esquisito, só se via bichos, e faltava água todos os dias. Não havia nenhuma criança ao redor. Foi um trabalhão danado pra organizar tudo, todas as coisas pra por no seu lugar. Foi uma semana de muita luta ajudando mamãe. Pela manhã, acordavamos com o galo cantando e a noite era os sapos que gritavam, que horror! Meu Deus, não podia sair de casa que os patos corriam atrás de mim, outras vezes, eram os cabritos, ou bois. Jesus, ... aonde foi que Papai nos meteu.... Invés do seu Ze, papai nos deixou patos na rua pra tomar conta da gente, porque era só botar o pé na rua que eles vinham nos atacar.Mamãe teve que arrumar uma lavadeira, como já citei a água era difícil. Ela fazia um rol, eu nem sabia o que era isto, mas, mamãe me explicou que tinha que anotar toda as roupas que a lavadeira levava pra lavar porque às vezes vinha roupa trocada e ela lavava roupa no rio perto da casa dela. Coitada daquela senhora, saia lá de casa com uma trouxa enorme, só de lençois michados que era a maioria na trouxa, e nisso, me distraia contando com mamãe alguma das peças. Mas, quando lembrava da rua Laerte Lemos chorava muito. Minha avó Dinda, arrumou uma babá pra tomar conta de mim, Lena, uma menina bem pretinha, com os dentes bem brancos, dentusa e com os cabelos bem enroladinhos, tinha 14 anos mais ou menos, com um sorriso muito largo e eu GOSTEI muito dela.... Se tornou unha e carne minha, minha mãe preta... Dei um descanso pra minha mãe branca! Rsrsr... saíamos muito, ela andava com uma vara pra dá nos patos que vinham me beliscar, íamos no rio vê aquelas lavadeiras lavando as roupas, só lembro do cheiro do sabão amarelo, lá perto de casa havia um chafariz que pegavamos água quando faltava, Lena andava com o balde na cabeça e não caia uma gotinha de água, ficava admirada, enquanto eu enchia uma latinha e só chegava a metade. Meu anjo, minha guardiã. Minha mãezinha já não tinha mais tempo pra mim, muito ocupada com meus outros irmãozinhos, Joninho só queria ser o Zorro agora, com o bracinho ainda no gesso, só tirou depois de 45 dias. Rsrsrsrs.... Josephine só fazia comer, era tão magrinha que eu não sabia o porquê de tanta magreza, chamávamos ela de pirulito, Olivia palito, mamae ainda dava óleo de ricino da bacalhau pra ela engordar, só o cheiro dava vontade de vomitar..... Rrsrsrs... e minha irmãzinha Cristiane vivia sob cuidados, tinha feito uma traqueostomia e quase tinha morrido, mamãe se aperiava muito com ela, vivia chorando pelos cantos. Tinha hora da medicação, a alimentação dela era controlada, tinha que fazer muitos curativos nela por dia. Mamãe e papai sofreram muito, ainda bem que eu tinha uma mãe só minha, minha mãe preta!