As peripécias de Moniquinha - Parte 2
As peripécias de Moniquinha. Parte 2 - A caixa mágica.
Reportando-me ainda à rua Laerte Lemos, onde morávamos, relembro de um dia quando papai chegou à noite, no seu carro mais bonito da rua um aero willis cor de mel, trazendo uma caixa grande e dentro dela fiquei perplexa ao saber do que se tratava, de uma caixa mágica. Aí, aquela rua nunca mais foi a mesma. Meu irmãozinho tão lindo, obediente, quietinho, me obedecia se transformou eu nem sei em quê!. .. Realmente, foi uma divisão de águas em nossa vida. Havia pessoas dentro daquela caixa, falando, dançando, e eu claramente não entendia nada de como funcionava àquela caixa de madeira clara, parecia uma mala. Simplesmente ficava rodeando aquilo, pra vê se via o resto das pessoas no chão. Demorei um pouco, pra entender como funcionava a TV. Rsrsrsrs..... era muito engraçado, só vivia rindo com tudo, agora, meu irmãozinho não, Joninho se transformou num Super Herói. Alguns dias, era o Super Homem, outros Zorro, e outros era o Batman. Meus Deus do céu, só não virou anjinho.... Eu naqueles momentos, louca pra aprender a mágica da feiticeira, tentava com todas as forças torcer meu narizinho pra ver se Joninho acabava com aquelas manias, aquelas besteiras. Foi um momento da infância, muito louco, ele queria lutar com a gente de espada, corria no cavalinho de madeira e muitas vezes subia em Lessi (nossa cadelinha branca) dizendo ser o Zorro, pegava a toalha de banho e colocava nas costas, aí se dizia ser o super homem... e em um pior momento de sua vida heróica, infelizmente, subiu na cômoda do quarto e pulou vestido de Batman pra o seu carrinho amarelo que estava estacionado na Bat caverna. Meu narizinho torcia tanto pra congelar ele no ar, que eu nem sei como ele ficou no lugar. Jesus, foi uma queda terrível, quebrou o bracinho e teve que operar, colocando pinos e placa de platina no seu braço. Eu chorava muito por meu irmãozinho, gritava com ele, quase senti suas dores! Mamãe, quando ouviu nossos choros, e viu à cena, imediatamente chamou papai para socorrê-lo. Neste tempo da TV, minha casa não teve mais sossego. A criançada toda da rua ia lá pra casa pra ver os super heróis, as novelas, choravamos tanto com o "Meu pé de laranja lima!" Num dia desses de muita agitação, minha amiguinha Vilma, irmã de Rui (meu namoradinho mas, ele nao sabia, era lindo; tinha um nariz lindo, um cabelo liso e bem pretinho) me chamou pra ir brincar um pouquinho no seu apartamento e eu fui, só que esqueci de pedir a mamãe.... Ufa... que tranquilidade, jogamos pega varetas, comemos batata frita e ainda vi Rui lá, tão lindo! .... Mamãe preocupada com o meu sumiço, me procurou por toda a casa, não me achando, perguntou ao seu Ze se ele me viu por ali, foi quando papai chegou pra almoçar e foi me pegar na casa de minha amiguinha! Meu Deus, seu Ze se metendo em tudo na minha vida, imagine o meu castigo!!!! No dia seguinte, Vilma minha amiguinha, foi me ver, nem pude falar com ela, a tarde muito inconformada com a situação, sentei em uma das cadeiras de ferro que fazia parte do conjunto do terraço de nossa casa, apesar de não ser de balanço, eu a movia como se fosse, o terraço tinha uma altura de 50cm para o jardim, daí me desequilibrei e cai com a cabeça no ferro da cadeira, até hoje tenho a marca de 4 dedos no couro cabeludo, quando vi o sangue no meu vestidinho estampadinho de flores amarelas, desmaiei. Após alguns meses, minha irmãzinha ,Cristiane, tinha acabado de nascer, e só fazia chorar. Coitadinha.... Rsrsrs.... um dia, mamãe muito ocupada, eu a chamei muito pra ver o que minha irmãzinha tinha que não parava de chorar, parece que mamãe estava trocando o curativo do braço de Joninho, daí pensei em ajudar mamãe, tinha biscoitos na cozinha e peguei vários para dar pra menina, pois eu achava que ela estava com muita fome. Ela tinha dois meses, daí ela não mastigava os biscoitos e eu enfiava de guela abaixo. Vendo a cena, mamãe disse pra mim: Mônica Maria o que você está fazendo? Eu naquele momento não entendi o que mamãe me perguntava, só lhe respondi: ela estava chorando muito com fome e lhe dei uns biscoitinhos pra comer. Mamãe ficou louca comigo, e gritava, vá ver seu irmão, corre, .... À tarde, mamãe conversando comigo, explicou bem direitinho, que os bebês quando não têm dentinhos não podem comer nada, só podiam mamar, que quase eu matava minha irmãzinha, pediu pra eu rezar e pedir perdão a Papai do céu e que eu não podia mais dá nada pra ela. Fiquei muito triste, eu não sabia, e acredito que Papai do céu ia me perdoar por isso. De fato, depois que àquela caixa mágica chegou na rua Laerte Lemos, as coisas não eram mais as mesmas! Quando essa mesma irmãzinha ficou doente, muito doente (teve Grupe), todo mundo dali teve que tomar injeção no hospital.... mas, eu quando vi o tamanho da agulha dei uma carreira tão grande naquele hospital que ninguém me pegava, até que uma hora, uma enfermeira bem grande me pegou pelo braço e eu a implorava: "Oh enfermeirinha não faça isso comigo não, por favor, enfermeirinha... tena piedade de mim!" Até antes de falecer, meu pai relembrava está estória. Rsrsrs..... Mas, infelizmente, tivemos que deixar a rua Laerte Lemos, devido a este incidente. Tivemos que queimar nossas roupas, colchões...Pense no nosso caos em ter que sair da nossa rua tão querida e com tantos amiguinhos deixados pra trás. Comparo aqueles dias com os de hoje, com a Covid 19.