Testamento
"Quando souberes por acaso
do meu fortuito encantamento,
não te prostes em lamento.
Ao invés de pesar e tristeza,
devota-me-nos a ternura
ante a leveza...
Celebra com aquela mesma
graça corriqueira
dos que festejam o choro dos
que choram na luz,
o desencantamento das dores
sentidas nos apartamentos.
Lembra dos amigos que resta,
reúne-os à mesa numa festa.
Tal qual fizemos tantas vezes.
Quem sabe lá pelas tantas, eu
não apareça vestido de heter,
a francesa...
Fazendo rimas de protesto...
Solfejando aquele blues
melódico sem letra, corpo
e todo o resto.
Se por acaso lembráreis
de mim a qualquer tempo...
Abra uma garrafa de Bourbon,
ou qualquer destilado barato
e, sirva-me um trago...
Recite um verso a meio tom,
qualquer coisa do Pessoa.
E, eu te rezarei Lou Salomé,
em forma de canção,
Um poema: Hino a vida...