Carta para Henriqueta.
Minha doce e singela Henriqueta.
Escrevo-te mais uma carta na esperança que venhas me ver na casa de repouso.
As enfermeiras são carinhosas e não me falta nada, teu pai me deixou um seguro que até hoje me protege das necessidades pessoais.
Mas o meu coração, querida filha amada, como dói.
Estou cansada de viver, minha querida.
Tu sabes que nunca gostei de velhos.
Tu bem sabes que só o corpo está decadente, minha alma vibra e sonha com a liberdade.
Os livros têm sido o meu refúgio nesta casa triste com velhos cansados, que já desistiram da vida.
Quando vejo as novelas e olho para eles, percebo que olham para a televisão sem enxergar, cada um vivendo um mundo particular.
Não tenho uma amiga, todos são muito velhos, amada filha.
E eu aqui presa neste corpo decadente, a cada dia vou perdendo a esperança na vida.
Assim não quero mais viver, te digo tranquilamente porque como não respondes às minhas cartas, talvez nem as leia.
Tenta entender Henriqueta, eu amo a vida, mas por amar demais não consigo viver nesta tristeza sem fim.
Eles promovem bailes e eu finjo que estou me divertindo, não quero estragar a diversão dos outros, mas você sabe que não gosto de dançar, sempre gostei dos meus desenhos, meus quadros e minhas criações.
Aqui eles pensam que somos crianças, deixam folhas usadas de um lado e lápis de cor escolar com toquinhos de borrachas velhas e apontadores que logo acabam com os lápis.
Os velhos gostam e dão risada. Chamam a isto de terapia ocupacional. Não gosto e fico irritada, aí as enfermeiras me dão calmantes, que é para não incomodar os outros.
Assim é a vida nesse lugar triste que leva o nome pomposo de “Lar dos amigos da boa idade”
Eu vou me matar.
Está tudo planejado.
Só para saberes meus motivos quando fores obrigada a vir buscar meu corpo encontrares esta carta nas minhas mãos geladas.
Que Deus te poupe de Sua ira, da mãe que apesar de tudo te ama.
Minha doce e singela Henriqueta.
Escrevo-te mais uma carta na esperança que venhas me ver na casa de repouso.
As enfermeiras são carinhosas e não me falta nada, teu pai me deixou um seguro que até hoje me protege das necessidades pessoais.
Mas o meu coração, querida filha amada, como dói.
Estou cansada de viver, minha querida.
Tu sabes que nunca gostei de velhos.
Tu bem sabes que só o corpo está decadente, minha alma vibra e sonha com a liberdade.
Os livros têm sido o meu refúgio nesta casa triste com velhos cansados, que já desistiram da vida.
Quando vejo as novelas e olho para eles, percebo que olham para a televisão sem enxergar, cada um vivendo um mundo particular.
Não tenho uma amiga, todos são muito velhos, amada filha.
E eu aqui presa neste corpo decadente, a cada dia vou perdendo a esperança na vida.
Assim não quero mais viver, te digo tranquilamente porque como não respondes às minhas cartas, talvez nem as leia.
Tenta entender Henriqueta, eu amo a vida, mas por amar demais não consigo viver nesta tristeza sem fim.
Eles promovem bailes e eu finjo que estou me divertindo, não quero estragar a diversão dos outros, mas você sabe que não gosto de dançar, sempre gostei dos meus desenhos, meus quadros e minhas criações.
Aqui eles pensam que somos crianças, deixam folhas usadas de um lado e lápis de cor escolar com toquinhos de borrachas velhas e apontadores que logo acabam com os lápis.
Os velhos gostam e dão risada. Chamam a isto de terapia ocupacional. Não gosto e fico irritada, aí as enfermeiras me dão calmantes, que é para não incomodar os outros.
Assim é a vida nesse lugar triste que leva o nome pomposo de “Lar dos amigos da boa idade”
Eu vou me matar.
Está tudo planejado.
Só para saberes meus motivos quando fores obrigada a vir buscar meu corpo encontrares esta carta nas minhas mãos geladas.
Que Deus te poupe de Sua ira, da mãe que apesar de tudo te ama.