Comunitarista

Baía de Melgaço, 11 de junho de 2019.


Pessoas que se equilibram nesta imensa corda bamba que é o século XXI. Percebam-me na voz que apresento ou nas letras que registro. Urge dar consistência ao movimento do COMUM! De entender a firme sentença da menina de tranças e sardas daquele país frio que eu juraria ser menina dos povos originários desta Terra, um enredo do arco e da flecha!

É tempo de erguer a cabeça e envergonhar-se com altivez (eis o paradoxo) de nossas atitudes sem responsabilidade com as próximas gerações, vergonha esta imperativa de ser reconhecida mas sem subterfúgios, sem arrodeio, diretamente no ponto certeiro que além de não estarmos evoluindo, não estamos permitindo a evolução de outros seres vivos, tão tóxicos que caminhamos! Olhar para o passado refletido no homem que pesca no rio de que nem sempre fomos assim nefastos, enganados fomos por nossa petulância ao descobrir o átomo, construir o rádio, voar em máquinas, desenhar e até imitar o DNA, escanteado o socrático ditado de que tudo que sei é que nada sei. Nossa vaidade cegou-nos.

No fetiche destas tecnologias e materialismo, fechou-se nossa mente para a repartição e não venha me dizer que é um direito infalível a propriedade privada mal orientada por John Locke (acorda!) pois a água da ribanceira que lá está ou estaria é um bem para matar a sede de muitos, da sua família e da minha, por quê só a sua merece viver? Se pensas neste exagero da Phillia, não és da mesma espécie que sou, qual espécie luta pelo suicídio?

Se ao contrário, se tocam seu coração tais linhas, são pelas centelhas de Empatia que nos une, apesar de todas as teorias que desagregam, fruto de ilustres de ciência destacada (que pensavam) mas sem consciência (que sabiam que pensavam e indagavam por sua origem). Evolução que não passa pela lei do macho Alfa, forte nos chipanzés e seu patriarcalismo, porém pelo feminino dos bonobos onde o compartilhar é verbo quase como respirar. Um rio e uma montanha os separam, exemplo para visualizarmos, aprendermos e exercitarmos o bendito Livre-Arbítrio: qual trilha seguiremos?

Agora vejo uma baía, que junta obviamente cursos d'água por sua definição e que também traz para junto de si o Sol, o Peixe, A Ave, a Canoa, a Rede, a Pessoa e o Amanhã, pois presume-se que haverá outro dia de alimento e disso deveríamos estar certos em nossas projeções. Mas na lógica anti-comunitarista, a própria Esperança se vê ameaçada e deturpada, logo ela que julgávamos indestrutível! Esperança não é se não seguimos, não é se não fazemos. EsperaFaz seria um termo mais incomodante para essa sua preguiça de existir, ó criatura! Para proteger a Esperança, há de ser ESPERAFAZ!

Vivemos em busca de nossa sobrevivência, percebes? Sobrevivência cada vez mais conectada com a obrigação de revolucionar nossas relações interpessoais, filosóficas, sociais, econômicas. Tudo com o esmero e a provocativa de sermos parte da natureza, não como um vírus que desgraçadamente mataria o planeta, mas como algo simbionte que nos alimentou enquanto éramos povos migrantes coletores e caçadores. Que ingratos! Agora que nos estruturamos, assassinamos nossa mãe? Quem nos levou pra este mal? Nós mesmos? Somos de índole autodestrutiva? Entendo que mostramos esse caráter de autodestruição frequentemente, contudo, mais frequente é o ato de amor aqui e ali e acolá, vês nas religiões? Atos de bem-querer que ocorrem mais COMUMENTE do que se imagina.

O sábio da América Latina, aquele que passou 7 anos na prisão, avisa que no fundo somos em um mesmo ser pensante individualistas (a marca do capitalismo enquanto institucionalidade) e empáticos (marca do socialismo enquanto institucionalidade), numa briga feroz tal qual tensiona o Yin e o Yang, na ironia que um não vive sem o outro, na saúde dessas energias quando ocorre o equilíbrio. Mas não, Humanidade! Pendeste a balança para o capitalismo, para deixar a heresia de uma pessoa não ter o direito sagrado de alimentar-se pelo menos 2 vezes ao dia, como já diziam os hebreus há milhares de anos. Caímos no conto do capital, onde seu objetivo tão claro e desnudo e chegar ao cúmulo de si mesmo, não importando a consequência das espécies que mataremos, inclusive a nossa.

Nesta correlação de forças, há de sermos COMUNITARISTAS! É mais do que mais-valia, é mais do que a luta de classes (porém seu entendimento muito nos ajuda perceber as injustiças). É uma reflexão-ação que deve incluir cada esfera deste planeta, biosfera, ionosfera, estratosfera.

Por outro lado, a Fera Humana precisa ser subjugada.

Quando do devir dos passos até o final do ciclo de nossa caminhada na Terra, que estejamos de mãos dadas, comuns de coração, felizes, apesar de concluirmos que nada é para sempre, com exceção da energia cósmica do amor.

Que possamos irradiar esse sentimento pelo universo para que os viajantes curiosos digam sobre nós: A HUMANIDADE SE JUSTIFICOU!

COMUNITARISTAS (vem você também, Marx)! Uni-vos!