Para Eça de Queirós
Carissímo Eça
Encontrei ontem o Padre Amaro conversando com o Cônigo Dias nas ruas de Paris.Parecia-me ele tão bem desposto,corado,até sorria com aquele estilo de outrora.Eu o observei durante um bom tempo,não senti em momento algum, que a morte de Amélia tivesse tirado o brilho e o gosto pelas oportunidades que a doutrina sempre lhe deu.
O Cônigo,também não me pareceu abalado.Sei que já se passaram os dias,mas tenho pensado muito no sofrimento daquela pobre moça,vítima das armadilhas de uma sociedade hipócrita e tão desumana.Enquanto o Padre Amaro desfila o seu sopro de juventude,Amélia desce a sepultura,tão jovem,tão bela.Mas o que me doi é saber que sua vida sempre foi escravidão
doméstica,religiosa,afetiva e socialmente falando.Mas os tempos são outros,mesmo o mundo continuando a ser esse caos infinito,podemos fazer nossas escolhas,seguir nossos caminhos.
Agradeço pelo instante em que pude compartilhar convosco das minhas opiniões ,deixo aqui meu forte abraço e minha mais profunda
gratidão literária.
Edna Alves de Albuquerque
sua criada...(dinha love)