Viver Borderline.
Não é fácil viver no limite, na borda do mundo... preste a cair no precipício.
Sentir sempre como se sua existência fosse vazia, como se você fosse invisível, como se tudo fosse mais importante que você. E esse sentimento de insuficiência que te persegue e esmaga, faz com que qualquer migalha de atenção valha sua própria vida.
Cria-se uma dependência afetiva, um desespero em estar perto em sentir-se querida que qualquer suspiro que não seja a nós dirigidos torna-se uma guerra.
E quem quer viver em guerra?
Ninguém.
E que triste ironia vive um border, onde tudo que ele mais teme é o que ele mais recebe...
Nossa tempestade emocional faz com que afastemos todos a nossa volta, queremos amor, precisamos de atenção mas brigamos tanto e somos tão “loucos” que ninguém fica por perto.
Em um momento passamos do céu ao inferno, estamos rindo e alegres como se tudo no mundo se resumisse aquele segundo... mas de uma hora para outra, por uma bobagens qualquer, uma palavra mal colocada, uma piada não compreendida, um sorriso supostamente diferente... faz com que nossos medos mais profundos explodam em fúria, choro, descontrole e destruição.
Sim, somos destrutivos e essa é a verdade. Destruímos não só nós mesmos, mas quem se arrisca a conviver conosco.
Quem amamos no fim acaba nos odiando, e somos tão carentes que mesmo diante do desprezo e da rejeição clara, nos enganamos, fingindo que não é bem isso, que é só um momento de raiva.
A pessoa no expulsa, diz que nos odeia, que tem nojo da gente. E em desespero tomamos remédios para parar a dor, mas infelizmente a dor não para. Nada parece funcionar.
A presença dessa pessoa que nos despreza parece ser tudo, enquanto nossa vida, nosso bem estar nada quer dizer.
Caos... desespero... e solidão... é assim que eu resumiria a vida de um border... não podemos confiar nem em nós mesmos.
Não sei realmente como se pode ter uma vida feliz sendo depressivo, ansioso, bipolar, com mania de perseguição, etc... e tudo isso frequentemente várias vezes em um único dia.
Sim, tomamos remédio e sim tentamos terapia, mas tudo isso parece apenas aliviar um pouco nossa "dor de dente" existencial e a verdade é que vivemos apenas esperando o fim de tudo...
Apenas para não sentir mais nada... apenas para tentarmos não destruir e nem sermos destruídos por ninguém.
Vivemos de fato no limite... de nós mesmos, do mundo... no limite da loucura mais pura.