Uma fenda na alma e no coração.
Boa noite.
Não sei se esta carta será lida.
Tenho uma adaga fincada em minhas costas tão profundo que me alcançou o coração.
Hoje, meu aniversário, fui humilhada, negligenciada, ignorada e desrespeitada pelo homem que amo há 25 anos, os quais me dediquei física, emocional e financeiramente.
Esperava jantar um pãozinho com queijo junto com você, pois outra coisa não teria. O último meu aniversário que teria sua física presenca ao meu lado.
Esperei, esperei, e cansei de esperar você chegar. As horas passaram. Esperei pelas migalhas emocionais as quais me acostumei a me alimentar e nem elas vieram.
Tranquei a casa, comi meu lanchinho de pão amanhecido com queijo e cortei o bolinho que ganhei de minha aluna. Dei o papá para a Vitória e ao Pedro.
Sozinha...Sozinha.
As 22h05 você chega e nem boa noite fala. Abre a geladeira, pega suco e me olha com sarcasmo.
Não imaginava que eu fosse tão invisível e ignorável para você.
Que você me odiasse tanto...
Ano passado, quando estávamos neste mesma época em Itu, em um final de semana qualquer, eu pedi sua ajuda e você, em alto e bom som me disse que é por pedir alguma coisa a você, o motivo de você me odiar tanto. Depois, remendou a situação dizendo que eu atrapalho e te interrompi e isso te deixava irritado.
Nestes 25 dias de novembro, tenho sentido em minha cerne o seu ódio e o seu desprezo.
Seu semblante não me era conhecido. Uma outra pessoa...o mesmo corpo mas outro espírito.
Começo a compreender a imagem que foi pintada sobre mim para algumas pessoas. Essa imagem que foi criada fez com que pessoas me odiassem também, fomentando a saga.
Pedi que você voltasse de onde veio por entender seu sacrifício de vir para casa...para a casa em que convivemos 23 anos.
Notei que você estava somente esperando eu lhe pedir isso, de acordo com o comportamento que vinha manifestando e o modo agressivo como proferiu suas palavras na terça feira, sobre buscar pão na padaria e, no dia de meu aniversário, viu o momento certo, aguardando eu estar fragilizada pela sua ausência no jantar, para que assim, pessoas subentenderiam que eu havia te mandado embora. Bravo!
Você pegou as poucas coisas ruas que restavam, pois já havia retirado quase tudo sem eu ver e pedi que levasse a sua pet.
Gostaria muito de permanecer com ela, mas, você não deixa levar ao veterinário e quando saiu de casa, pelo mesmo motivo em 2010, a levou consigo. Sei que ela sofrerá para onde você vai pois ela está acostumada a ser mimada por mim e cuidada por mim, mas sei que, se nesse interim ocorrer algo com ela não sei sua reação.
Quero muito ela de volta mas só se for de papel passado para não haver dúvidas.
Pense a respeito e informe a advogada por favor. Não quero que a pet sofra por suas escolhas.
Interessante perceber a arquitetura e a plastica dos acontecimentos. Seria tão mais simples se tivesse me informado que iria seguir a sua vida, do modo que lhe conviesse e que seu advogado combinaria a data de assinatura do divórcio consensual. Não havia necessidade disso...desse desrespeito.
Prefiro ficar sozinha, como sempre me senti, a ver você estar aqui forçado. Preferi pedir que me deixasse de vez. Me tratar com negligência e desprezo estava me machucando e, como havia lhe dito, não quero manchar a imagem que fiz de você, a imagem do homem pelo qual me apaixonei.
Ficar em casa por estar...cumprindo...um prazo pelo divórcio por você solicitado...Não faz nenhum sentido.
De todo o desrespeito praticado nestes anos todos e, mais precisamente de setembro de 2019 pra ca, o de hoje marcou e gerou a minha solicitação. Mas, não te odeio e não guardo mágoa e nem rancor. So criou mais uma ferida.
Desta vez uma fenda e está sangrando.
Prefiro que você fique longe de mim estando feliz do que, cumprindo um prazo de validade de relacionamento infeliz e me maltratando verbal e emocionalmente.
Bom, é isso.
Mais uma vez escrevo pois sei que até a minha voz você não suporta, contudo, por respeito, você merece saber o que estou pensando e sentindo.
Fique bem e que Deus te abençoe.