VONTADES PERDIDAS

VONTADES PERDIDAS

Perdi minhas vontades,

Quando percebi que me traías.

Perdi a vontade de conviver com tuas mentiras,

Por mais que dissesse por mim ter um amor eterno.

Perdi a vontade de dar as respostas que merecias,

Perdia a vontade de por ti perguntar

E isso refletia em tudo o que eu era obrigada a conviver

Mesmo se eu respondesse eram palavras curtas, quase nada.

Não queria perguntar, porque não valia mais à pena, não valia o meu interesse.

Conhecer gente nova era algo que eu não fazia mais questão, não tinha mais vontade. Não via graça.

Perdia a vontade nas coisas mais engraçadas do mundo, até mesmo nas pessoas. Todas passaram sem deixar lembranças. Estava vivendo sem querer a vida, sem querer o que a vida oferece a quem quer viver. Não que eu quisesse morrer, mas a vida não estava mais em mim. Então pedi a Deus pra eu não perder a fé no amor, pelo menos, porque eu achava feio o que algumas pessoas faziam: criam em Deus sem amor no coração. Mas tudo o que me restou foi crer, pois meu coração acabara de ser arrancado, despedaçado, moído.

Te matei por causa das tuas mentiras.

Não podia mais sentir o amor que te devotei,

por mais que o quisesse.

O que sobrou foi apenas um rastro do que não deu certo,

do que passou e não volta. Porque é isso que acontece quando a gente ama e dá errado: perdemos a vontade de amar. Aí eu lembrei que quando eu tinha 18 anos, tive a minha primeira decepção amorosa depois de uma traição

e jurei não entregar meu coração para qualquer um, porque achava a dor que eu estava sentindo insuportável, mesmo que no fundo ainda tivesse esperanças de que o próximo amor seria melhor.

E não foi.

Hoje, sem esperança alguma, nem mesmo no fundo da minha alma, concluo que insuportável mesmo é ter um coração

e viver como se não o tivesse;

sentir como se os batimentos cardíacos estivessem mais lentos e fracos. Pela primeira vez me vejo morrendo

quando perdi a vontade de ti ver outra vez.

De repente a gente vê que perdeu alguma coisa morna e ingênua que foi ficando no caminho...

Natal, 22 de novembro de 2020

Maria Tecina .

Maria Tecina
Enviado por Maria Tecina em 22/11/2020
Reeditado em 22/11/2020
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