Nossa Vida é um Filme
Nossa vida é um filme, dirigido pelo Universo, que aos poucos separa personagens, enquanto tenta fazer uma desastrosa jornada do herói, que quase nunca dá certo. Somos anti-heróis para os outros, e para nós, personagens de uma tragicomédia, onde rimos do caos e dos erros, que quase sempre nos permitem ter mais uma cena a viver.
As minhas cenas eu conheço bem, vivi todas de forma intensa, mas as suas acompanho como espectador, aquele que chegou atrasado na sala do cinema porque parou para comprar pipoca com manteiga.
Da quarta fileira eu vejo uma Samantha de Garden State, sentada na recepção de um consultório qualquer, pronta pra rir de um cachorro, na melhor cena do filme. Mas as vezes observo uma Charlotte de Lost in Translation, em um lugar cheio de gente, mas ao mesmo tempo se sentindo só. Nem as luzes dos anúncios, ou as músicas no karaokê conseguem expulsar essa sensação pra longe. More Than This, já diziam uns 10,000 maníacos que viveram por aí.
Claro que temos nossos dias de Martín, escondido por Medianeras sem janelas, e passamos madrugadas inteiras de vazio existencial, dormindo as 5 e acordando as 12, pulando o café da manhã, e pensando se talvez morar em uma cidade como São Paulo (ou Buenos Aires) realmente é um bom negócio.
Mas creio que no final das contas, o que vale é sermos apaixonados pelo que gostamos (seja uma pessoa, ou a sua própria música), como o Glen Hansard em Once, e nem ao mesmo ser preciso ter um nome para encantar, inspirar, e comunicar.
Assisti a poucas cenas do seu filme, e como espectador preferi ser como o Glen, sem nome, mas intenso como uma música. "Glen Hansard - Say it to Me Now"