E por que, amor?
Acho que você desconhece o quanto sua saudade me dói e o quanto suas decisões me machucaram nos últimos meses. Deus sabe que eu amei e amo você mais do que a mim mesma, mas não sei se sou capaz de te deixar voltar. Não depois de tudo. Não depois de abrir mão de nós tão facilmente. E eu te pergunto agora, por que, amor? Por que partir? Por que ir embora? Por que nos destroçar desta forma? Se sangrar até a morte não era seu desejo, por nos cortar até a carne?
Vagando por nossas memorias eu sigo firme, não por você, mas por mim mesma. Sigo firme por terras arrasadas. As minhas mãos ainda tentam nos segurar firmes, mas os joelhos já não se sustentam mais. Insegura, me recuso a reconhecer o chão, companheiro de tantas outras relações e desilusões. O chão que me assistiu tanta vezes, o chão que me consolora outrora. O chão que hoje me assiste chorar por você. E por que, amor? Por qual preço? Por qual desfecho?
O silêncio que inunda nossas madrugadas são o resumo do que nos espera nos meses que virão. A ausência será ocupada por outras pessoas, mas a essência não. Seremos sempre esse vazio, teremos sempre esse eco. Aquele cheiro de flores que invade de tarde, ou o cheiro que vem depois da chuva. Tudo isso lembra nos dois. Tudo isso lembra o que já foi. Na terra arrasada, olho por cima dos ombros, e não encontro você. O chão parece o único lugar para qual eu posso ir. O único com quem posso contar. No banheiro, ele é preto. Azuleijos com pequenas flores nas bordas. Não há cheiro de flores e nem de chuva, não há você. E por que, amor? Por que não posso ter você?