O juntador de palavras.
Estou sentado. Eu estou sentado e esta cadeira em que me sento se assemelha à vida, à vida monótona, frívola e viva.
Todo este espaçamento entre esta cadeira e o resto do mundo não é, senão, nuvem. Tudo passa. As únicas coisas que ficam são os sonhos.
Algumas vezes eu sou otimista, mas não agora. Neste momento estou só, nem a amizade nem a glória da solidão me tomam. Nada me toma. Sou só.
E mesmo que nada do que escrevo tenha sentido ou nexo, continuo escrevendo. Junto palavras sem sentido que juntas parecem bonitas.
Juntar palavras, este é meu trabalho. Acredito que seja bom. Junto palavras assim como Dostoiévski, assim como Fernando, assim como Shakespeare, assim como meu vizinho José que também é poeta. Eu sou um juntador de palavras.
Agora preciso terminar este texto esdrúxulo. Gosto de terminar os textos com frases de efeito burras. Todas as frases de efeito são burras, na realidade.
A vida não é grande, mas é sincera, e é isto que a faz nobre.
Pedro Lino.