Noite passada eu tive um sonho

Noite passada eu tive um sonho.

Era noite e estava tudo escuro. Eu caminhava só pelas ruas da cidade. Ruas de barro e de pés descalços. De repente me ultrapassaram alguns garotos que passavam correndo e quando olhei pra trás percebi uma nuvem negra, como uma descomunal tempestade de areia. Ela era o meu maior medo que vinha devorando tudo que eu conhecia e tudo por onde eu passava. Eu corria muito, o mais rápido e desesperado que conseguia e ela sempre ia chegando mais perto. De repente eu via uma multidão de pessoas ao meu redor que também corriam mas não se ajudavam. Elas tinham o mesmo objetivo, mas era como se nem estivessem se vendo. Ou até mesmo como se estivessem no mesmo espaço em momentos diferentes do tempo. Então eu começava a subir uma rampa circular, como a de um estádio de futebol. E de repente passando por mim eu via você, correndo na direção contrária. Meu coração disparava e mesmo indo contra todos os meus instintos de sobrevivência eu corria de volta tentando te alcançar. Não me importava mais com as pessoas correndo e nem com a tempestade, eu só queria te encontrar. Te via, estava com um vestido branco. Conseguia segurar seu braço e gritava seu nome com emoção. E você dizia que não me conhecia... Que não se lembrava de mim. Eu falei meu nome e você disse que já havia amado um homem com o mesmo nome que já habitou nesse corpo, mas que esse homem não existe mais. E quem sou hoje nem sequer te fazia recordar de quem aquele homem já foi. Fiquei chocado! Boquiaberto! Você escapou das minhas mãos e eu continuei correndo, te procurando, te perseguindo... Tentando te agarrar pra não te deixar escapar mais uma vez. E eu começava a ficar desesperado, com falta de ar, e quando te tocava não conseguia segurar. Era como se você fosse um fantasma. Imaterial, fruto da minha mente. E depois de horas você parava e olhava nos meus olhos... Os teus lindos olhos. E com eles me dizia “Quando eu digo ‘adeus’ é um adeus.” E desaparecia em meus braços.

Eu acordei.