Carta à Frida Kahlo
Querida Frida,
Estava observando suas pinturas pela milésima vez esses dias e admirando o quanto a arte te abraçou em períodos tão sombrios e nisso me identifico muito com você. Porém, através da escrita. Sabe, eu gostaria muito de ter conhecido você e sei lá, te visitado e conversado sobre as cores, seu momento do dia favorito, quais autores você gostava de ler, coisas assim. Sinto muito por ter ficado de cama por dias a fio devido aos acidentes e sofrimentos, mas saiba que eu não me importaria em te ajudar, em te distrair e tentar fazer você sorrir um pouco. Talvez você nem quisesse me receber e me consideraria uma intrometida, mas eu só queria te mostrar que poderia ser útil. Muito mais do que tenho sido nos últimos dias ninada por uma solidão avassaladora. Quando eu penso na sua história, respiro fundo e penso: calma, a Frida suportou tanta dor, porque você não conseguiria? Mas é tão difícil, sabe? Num instante estou bem e no outro minha intensidade já me lançou no vácuo do esquecimento. Eu admiro muito você Frida, não só como a mulher bissexual que sou mas também como uma poeta que também encontra na arte um abrigo seguro para desabafar e abrigar-me da chuva fria que me toma em momentos como este. Minha tela favorita pintada por você é aquela do Autorretrato com Vestido de Veludo, ainda que muitas despertem meu interesse e curiosidade, esse precisamente é o que mais me sinto próxima de você, como se estivéssemos num mesmo plano. Obrigada, Frida por ter compartilhado conosco obras que atravessam décadas e que conseguem mostrar diversos matizes do que se passava em tua mente criativa. Gracias, Frida!
Com amor,