NO BAILAR DAS PALAVRAS...
[carta a um amor-poeta]
Ao ler tua carta, fico feliz por muitos motivos. Por descobrir que a dança de minhas palavras embala tuas noites. Por ser eu a “Poetisa” que te envolveu e te trouxe para o baile maravilhoso das letras formando e reformulando as palavras. Por te ver semear teu saber e tua arte, missão primordial do escritor, e acreditar nos frutos dessas sementes. Como membro atuante neste corpo de baile, te trago minhas boas vindas. Este canto abençoado, democrático e acolhedor, tem muito a ganhar com tua presença. Com certeza, como eu, os bailarinos todos se alegrarão com essa tua decisão, pela qual tanto esperei. E todos receberemos tuas sementes e teus passos certos e tão bem compassados. Com certeza, te daremos retorno. Para mim, tua chegada aqui é uma vitória: eu não agüentava mais ver trancada em ti essa sensibilidade capaz de ouvir “gritos surdos e desesperados de amor” dentro da noite silenciosa. E mais, ver desperdiçado esse carisma que tens no uso e na adequação das palavras. Retiro o exemplo desta tua carta, na frase final: “Que nossa dança de palavras requebre o ritmo cruel dos acontecimentos!” A palavra “requebre”: envolvida com a beleza e harmonia do corpo, presente na hora bonita do amor, e ainda com o sentido necessário do quebrar e quebrar de novo... Vamos, sim, todos juntos, quebrar e requebrar o ritmo cruel dos acontecimentos!
Te afirmo: tu mexeste fortemente em meu vocabulário... rs... contigo aprendi a dissecar palavras e torná-las maleáveis e adaptáveis aos meus sentimentos... exatamente como fazes... isso é o teu bailar! Bailemos, pois!
Beijos.