Carta Sem Resposta

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

Belo Horizonte, 14 de Outubro de 2004.

Saudações!

É complicado ser feliz dessa maneira: longe dos seus carinhos, afagos…

Lamento não compartilhar contigo da alegria do meu dia natalício, como gostaria. — Pela distância geográfica que nos separa.

Sinto tanto a sua falta!

Daí não ouvirá meu lamento de amor, o tempo acelera a necessidade de correr à sua presença.

Meu bem-querer nesse nosso amor é latente, notório...

O tempo parece não ser meu aliado nesse sentimento, ao cobrar-me à duras penas o seu sentir.

Se não fosse tanta dor, meu sofrer aguentaria mais calmamente.

Por aqui tudo me lembra os prazerosos momentos que vivemos juntos.

Em dado instante, seu perfume no ar parece se propagar com suavidade, numa boa fragrância...

Seus doces dizeres contumazes, ao confessar-me amar; ecoam como ondas suaves aos meus ouvidos.

Ponho-me a pensar em nós…

O fato de não a tê-la bem junto a mim é a agravante que mais judia... A vida tem sido muito difícil para mim…

— Agora nem sei o que fazer, mas a esperança da nossa terna união é o que mais me acalenta.

Saí com otimismo da casa dos seus pais, em que nos encontramos pela última vez. — Onde tudo começou…

Fizemos notório nosso namoro, perante seus familiares e alguns dos meus. — Como em moda antiga.

De bom grado, os presentes naquele evento, nos apoiaram. — Devo gratidão por tamanha honra. Tornamos público nosso desejo (matrimônial).

A alegria fora uma só no instante histórico que firmarmos o compromisso de andarmos juntos, no caminho da afetividade amorosa. — Em sonhos...

Como é do seu conhecimento, reafirmo em dizer que, gostaria de fazer parte dos seus projetos de vida, da sua história até o fim.

Seus pais ficaram felizes com a nossa decisão amorosa; eu muito mais. No desejo de estarmos unidos por um elo...

Retornei para casa daquele encontro, a rir à-toa. Como adolescente que descobre um mundo novo. — A espalhar novidades por onde vai.

Aqui nas minhas atividades, nessa abismal distância, o profundo silêncio, estabeleceu-se entre nós, da sua parte.

— Que perdura até hoje.

O corte abrupto da comunicação sem explicação lógica, um 'tchau', um adeus sequer.

Gostaria de saber toda a verdade da sua parte, sobre o que acontece.

Ninguém contou-me com exatidão, o verdadeiro motivo disso. Não devo viver em tamanha obscuridade. — Nessa sofreguidão e, inquietante desinformação.

Os precários meios de comunicações disponibilizados no momento dificultam muito os nossos contatos. — É esse o único motivo do seu silêncio?

Recorri a essa maneira, já em desuso de se comunicação (a carta). — Tal é a minha necessidade do seu afeto, das notícias sua...

Um amor tão bonito como o nosso não deve morrer assim tão de repente.

Talvez pelos nossos desejos não estarem muito claros, algo estranho tenha surgido, que, não imagino o quê.

Não devo ser excluído do paraíso — que naquele dia iniciamos para nós.

Continuarei no aguardo de alguma notícia sua; mesmo que seja para dizer que tudo acabou entre nós. — “Que foi bom enquanto durou.”

Apesar do vento contrário ao nosso amor, não terei motivos para não lhe amar.

Beijos!

*Nemilson Vieira de Morais

Gestor Ambiental/Acadêmico Literário

(21:05:17)